Tim Berners-Lee: redes precisam de mais mecanismos de proteção (Wikimedia Commons/Reprodução)
Repórter de Carreira
Publicado em 9 de maio de 2023 às 08h13.
Última atualização em 12 de maio de 2023 às 19h50.
De Valência, na Espanha*
Embora seja alvo de protestos por parte das grandes empresas de tecnologia, a ideia de que governos precisam estabelecer regras e mecanismos para regulamentar o conteúdo da internet é defendida por Tim Berners-Lee, o famoso “pai da web”.
“A web é uma coisa poderosa. Mas, se analisamos algumas plataformas ficamos assustados. O Twitter, por exemplo, é um lugar horrível. Então, chegamos à conclusão de que os governos precisavam fazer alguma coisa, estabelecer leis de proteção e outras leis para lidar com as coisas ruins”, disse. Berners-Lee discursou durante a abertura do V Encontro Internacional de Reitores, evento para debater tendências de educação e sociedade organizado pela Universia, empresa de educação do Banco Santander.
Físico e cientista da computação, o britânico criou o primeiro navegador da internet, o World Wide Web (WWW), nos anos 90, quando trabalhava na Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN). Desde 2012, quando co-fundou o Open Data Institute, ele se dedica a advogar pela necessidade de uma internet com dados abertos e seguros.
Para Berners-Lee, as big techs precisam encontrar outras formas de gerar receita para além da publicidade. Além disso, também afirmou que a manipulação das redes sociais é algo inegável e influenciou eventos como a vitória de Donald Trump, em 2016, e a saída do Reino Unido da União Europeia, em 2020. “As pessoas estão percebendo e não querem ser manipuladas. Nós temos que corrigir a direção que as coisas tomaram. Não se trata de derrubar as redes quando tivermos eleições, mas usar tecnologia, alterar os códigos para utilizá-la melhor”, disse.
Questionado sobre o metaverso, Berners-Lee relembrou que a discussão sobre ambientes ultra-realistas na internet não é algo recente. “Ainda nos anos 90 realizamos reuniões sobre realidade aumentada. As pessoas queriam entrar em uma página e se sentir como na sala de casa. Mas os computadores não eram potentes o suficiente”, afirmou.
Por fim, apesar das críticas, o britânico disse acreditar no potencial da internet para enfrentar desafios como mudanças climáticas e ameaças à democracia. “Continuo um otimista”, finalizou.
*A jornalista viajou a convite do Santander