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Família Segall lidera fundo que comprou 18,5% da Gafisa

Oscar Segall, fundador da tradicional incorporadora Klabin Segall, agora é conselheiro de construtora que vive fase atribulada

Gafisa (GFSA3) avalia a emissão de mais ações em um Programa de Oferta Restrita (Germano Luders/Exame)

Gafisa (GFSA3) avalia a emissão de mais ações em um Programa de Oferta Restrita (Germano Luders/Exame)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 21 de fevereiro de 2019 às 07h45.

Última atualização em 21 de fevereiro de 2019 às 11h20.

Uma gestora de fundos de investimentos comprou uma fatia de 18,5% na Gafisa no dia 14 de fevereiro e, desde então, o mercado se pergunta quem está dando as cartas numa das mais tradicionais construtoras do país. Segundo fontes que tiveram acesso à transação, o principal investidor dos fundos mobilizados pela gestora Planner Redwood para comprar um pedaço da participação da gestora GWI Asset Management na Gafisa é um family office ligado às famílias Klabin e Segall.

A Planner Redwood é, agora, a maior acionista da Gafisa. Oscar Segall, um dos fundadores da incorporadora Klabin Segall, foi apontado membro do conselho de administração da Gafisa em 18 de fevereiro. Por meio de sua assessoria de imprensa, o empresário nega que tenha comprado direta ou indiretamente ações da construtora, e diz ser apenas conselheiro independente da Gafisa.

Em 14 de fevereiro, a GWI – controlada pelo controverso investidor de origem coreana Mu Hak You – vendeu cerca de 20 milhões de suas ações na Gafisa em um leilão na bolsa B3, diminuindo a participação na construtora de 50,2% para 7,7%. Ficou, assim, como o segundo maior acionista da Gafisa. O papel da construtora, negociado a 10,98 reais no fechamento do pregão da véspera, terminou o dia do leilão em 9,26 reais, com uma queda de 16%.

A GWI foi obrigada a vender suas ações na Gafisa por não ter condições de atender à exigência da B3 de depositar mais garantias para manter a sua posição. Nos últimos meses, a GWI foi aumentando a sua participação na construtora com compras de ações a termo, ou seja, financiadas por instituições financeiras. A gestora pegava dinheiro emprestado no mercado – a um custo total estimado de 150% do CDI – para bancar as aquisições do papel, com o objetivo de se tornar controladora da Gafisa.

Desde o segundo semestre de 2018, mudanças radicais na administração da companhia, com a troca da diretoria, a interrupção no pagamento a fornecedores e as dúvidas sobre os conhecimentos de You para tocar uma construtora fizeram a Gafisa perder 35% do valor de mercado entre o final de 2018 e a primeira quinzena de fevereiro, porém. Hoje, vale 396 milhões de reais.

Para comprar as ações detidas pela GWI, a Planner Redwood reativou três fundos inativos com os aportes de investidores interessados na Gafisa, que já foi uma das maiores companhias do setor mas tem enfrentado dificuldades desde 2011. Segall entrou no negócio não só com dinheiro mas com conhecimento técnico do ramo. Endividada, a Klabin Segall, conhecida por obras de alto padrão, foi vendida por Oscar e seu primo Sérgio em 2009 para a Veremonte e a Agra por 154 milhões de reais.

Outros investidores menores também compraram ações da Gafisa detidas pela GWI na semana passada atendendo a um pedido da própria Planner Redwood, que queria evitar uma queda maior do papel. A Planner nega que Oscar Segall seja acionista direta ou indiretamente da Gafisa. Os cotistas de fundos de investimento são protegidos pelo sigilo bancário.

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