João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 Brasil: 59.000 associados por aqui, o que coloca o país no top 5 das maiores operações da organização sem fins lucrativos
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 5 de novembro de 2024 às 06h00.
Em 26 de junho de 1974, o mundo viu pela primeira vez o uso de um código de barras para aquisição de um produto.
A estreia foi num supermercado da pequena Troy, cidade do estado americano de Ohio hoje em dia com 26.000 habitantes. O produto escaneado não poderia ser mais banal: um pacote de chicletes. Apesar do início humilde, a tecnologia ajudou o varejo mundial mudar radicalmente nos últimos 50 anos.
Por trás do código de barras nesse período esteve a GS1, uma organização sem fins lucrativos fundada nos Estados Unidos, em 1969. A finalidade era pesquisar um jeito de o trabalho no caixa automático fluir mais rápido — e, assim, ganhar produtividade.
Atualmente sediada em Bruxelas, a GS1 hoje opera em mais de 150 países. A função dela é, a grosso modo, garantir padrões de qualidade dos códigos de barra utilizados por varejistas ao redor do mundo. E, dessa maneira, garantir que um produto etiquetado na China possa ser vendido com o mesmo código no Brasil. São cerca de 10 bilhões de leituras de código de barras feitas diariamente em todo o mundo.
A organização opera no Brasil desde 1983 e tem cerca de 59.000 associados, o que coloca o país no top 5 das maiores operações da GS1. As companhias compõem 36% do PIB nacional e 12% dos empregos formais no país. Fazem parte da GS1 indústrias de setores variados, como alimentação, farmácia e materiais de construção, além das varejistas.Além do código de barras, a GS1 também desenvolveu soluções de rastreamento como o QR Code e tecnologias de radiofrequência, como o EPC/RFID, que ajudam a gerenciar produtos em logística e armazenagem.
Após revolucionar o varejo com as tecnologias, a GS1 está agora de olho em startups capazes de moldar a cara do varejo do futuro. O braço da organização no Brasil acaba de lançar uma corporate venture capital chamada GS1 Brasil Ventures. O objetivo é investir em empresas inovadoras que tragam soluções tecnológicas para o varejo e a cadeia produtiva.
O GS1 Brasil Ventures chega com a proposta de oferecer suporte financeiro, técnico e estratégico para startups que desenvolvem soluções de automação e modernização para o varejo e a logística. "A ideia é usar nosso conhecimento e rede de contatos para ajudar essas empresas a crescerem e se conectarem aos grandes players do mercado", diz João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 Brasil.
A GS1 Ventures terá foco em startups que já estão em fase de tração e escala, ou seja, que possuem um produto ou serviço funcional e estão prontas para expandir. Para facilitar esse processo, a GS1 se uniu à aceleradora Ventiur e à gestora SameSide, que ajudarão a selecionar e apoiar as startups escolhidas.
A GS1 quer apoiar empresas que ofereçam soluções de:
O objetivo é gerar transformações significativas em setores como varejo, logística e transporte. A ideia é que a CVC promova uma troca de conhecimentos entre a GS1 e as startups, criando um ecossistema de inovação focado em tornar a cadeia produtiva mais inteligente e eficiente.
“A inovação faz parte do nosso DNA, e queremos impulsionar esse ecossistema para resolver problemas reais das empresas”, diz Oliveira. Ele acrescenta que a iniciativa também vai beneficiar os associados da GS1, oferecendo acesso a novas soluções de mercado que promovem eficiência e redução de custos.
Startups interessadas em participar do GS1 Brasil Ventures podem acompanhar o site oficial da GS1 para mais detalhes sobre o processo de inscrição. O fundo foi lançado oficialmente em novembro, e o plano é que ele funcione de maneira contínua, sem um prazo específico de encerramento, o que permite que novas empresas se inscrevam conforme ganham tração.
O investimento oferecido pelo GS1 Ventures varia conforme o estágio da startup. A promessa é de um suporte além docapital financeiro. A GS1 quer dar mentorias, além de networking e acesso a um centro de inovação na sede da associação em São Paulo. As empresas selecionadas poderão testar suas soluções nos laboratórios da GS1.