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Licenciar marca Sadia ou Perdigão é a pior saída para BR Foods, dizem analistas

Esta é uma das opções recomendadas pela SEAE para que o Cade aprove a fusão das empresas

Fábrica da BR Foods: mercado ainda esperava aprovação sem restrições (.)

Fábrica da BR Foods: mercado ainda esperava aprovação sem restrições (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

São Paulo - O mercado interpretou como muito severas as recomendações da Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), vinculada ao Ministério da Fazenda, para aprovar a fusão da Sadia com a Perdigão - negócio que criou a BR Foods. Em seu parecer, a SEAE ofereceu duas opções à empresa. A pior delas, segundo os analistas, é a que sugere que a BR Foods licencie, por pelo menos cinco anos, uma de suas duas marcas mais poderosas - Sadia ou Perdigão.

Não é à toa que essas marcas batizavam as empresas que, unidas, deram origem à BR Foods. Travando uma acirrada disputa pelo mercado de alimentos industrializados, as duas acabaram se tornando líderes do setor no Brasil - até decidirem juntar forças. Por isso, arrendar uma das marcas, além das fábricas e funcionários a ela atrelados, não seria a melhor saída para a companhia. "Faz mais sentido se desfazer de mais marcas em outros setores, e preservar a Sadia e a Perdigão", afirma Cauê de Campos Pinheiro, analista da corretora SLW. "Mesmo assim, acho que a empresa deve brigar pelas marcas mais importantes em cada segmento em que atua."

Mas o porte da fusão não foi ignorado pela SEAE. "A operação gera concentração de mercado em quase todos os mercados relevantes analisados, com exceção dos mercados relevantes de carne bovina, suína e de frango in natura e de batatas e vegetais congelados", informou a secretaria em seu parecer. Por isso ela sugeriu que a operação seja aprovada com restrições e indicou as duas alternativas.

Venda de marcas

A segunda opção dada pela SEAE é a menos dolorida para a BR Foods, de acordo com o mercado. Trata-se de vender um bloco de marcas - e os ativos correspondentes - formado por Batavo, Rezende, Confiança, Wilson e Escolha Saudável.

Especificamente, no que se refere às margarinas, a secretaria sugeriu, adicionalmente, a alienação do conjunto de marcas, acompanhadas dos respectivos ativos produtivos, adquiridos da Unilever -  Doriana, Claybom e  Delicata. E também a adoção de medida comportamental pela qual a empresa se obriga a divulgar e submeter ao Cade seus programas promocionais de fidelidade e bonificação junto aos pontos de venda, com o intuito de torná-los mais transparentes. 


Nas duas sugestões o "conjunto de ativos produtivos" equivale a unidades de industrializados (pessoal, instalações e equipamentos); unidades de abate correlatas (fornecedoras de insumos carne de aves ou suínos às unidades de industrializados); carteiras de contratos de fornecedores integrados, correspondentes às unidades de abate supracitadas e alienação de ativos de abate de frango no Mato Grosso e de perus no Paraná, incluindo as respectivas carteiras de produtores integrados de frangos e perus, respectivamente.

Sinal negativo

O parecer da SEAE é apenas consultivo, mas tem um peso bastante grande sobre as decisões do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). "O Cade, historicamente, acaba levando em consideração essas recomendações da secretaria" diz Ronaldo Kasinsky, analista da Fator Corretora. Apesar de a secretaria ter aprovado a fusão, as restrições sugeridas não são muito positivas, segundo Kasinsky. Ele afirma que o mercado ainda tinha alguma esperança de aprovação sem nenhuma restrição.

Antes de ser apreciado pelo Cade, o ato de concentração entre as duas empresas ainda deve receber parecer da Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça.

A Sadia e a Perdigão anunciaram em maio de 2009 a fusão das duas empresas. Atualmente a Sadia é subsidiária integral da BRF Brasil Foods (atual denominação social da Perdigão) e as companhias manterão suas operações independentes até que o Cade se posicione sobre a fusão. A empresa registrou faturamento de 24,4 bilhões de reais e valor de mercado de 11,4 bilhões de dólares em 2009. 


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