Fábrica da GM: boa parte dos 400 funcionários que serão demitidos está no grupo de 819 empregados com contratos suspensos desde novembro (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2015 às 09h30.
São Paulo - A General Motors vai demitir nos próximos dias pelos menos 400 trabalhadores da fábrica de São Caetano do Sul (SP). Boa parte está no grupo de 819 funcionários que estão com contratos suspensos (lay-off) desde novembro.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, disse que a intenção da empresa era demitir todo o grupo, mas a entidade conseguiu negociar a prorrogação do lay-off para metade deles.
A extensão da nova dispensa ainda não tem prazo definido. A fábrica tem outros 900 operários em lay-off com retorno previsto para outubro.
"O PPE (Programa de Proteção ao Emprego) não socorre esse pessoal, porque eles trabalhavam no terceiro turno, que foi extinto no ano passado", disse Silva. "Estamos com as mãos atadas." Segundo ele, na terça-feira, 7, mesmo a GM começou a enviar cartas aos funcionários informando das demissões.
Em nota, a direção da GM informou que "no caso específico de necessidade de reestruturação de uma operação industrial para adequar sua organização a uma nova realidade de mercado, (o PPE) não é o melhor caminho neste momento".
A empresa ressalta, contudo, que o programa tem seu apoio. Um dos defensores do projeto, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, é diretor da GM.
A montadora afirmou ainda que a redução do quadro funcional em São Caetano "atinge número inferior a 5% do total de empregados e foi aprovada em assembleia realizada por ocasião da aprovação do contrato de lay-off". A empresa também afirmou que, caso as condições do mercado não melhorem no futuro, poderá utilizar o PPE.
A Volkswagen, que tem 2,5 mil trabalhadores em lay-off na fábrica de São Bernardo desde segunda-feira, 6, e a Mercedes-Benz, que alega ter 2 mil funcionários excedentes na mesma cidade, informaram que aguardam a completa regulamentação do PPE para tomar decisões e avaliar as alternativas mais adequadas a serem adotadas.
Na semana passada, a Mercedes propôs aos seus 10 mil funcionários a redução da jornada de trabalho em 20% e dos salários em 10%, mas a proposta foi rejeitada.
Contingente
Neste ano, as montadoras demitiram 7,6 mil trabalhadores. Em 12 meses, foram fechadas 14,5 mil vagas. O setor emprega atualmente 136,9 mil pessoas, o menor contingente desde dezembro de 2010, segundo a Anfavea.
A entidade calcula que 36,9 mil trabalhadores - ou 27% do quadro total - estão fora das fábricas em férias coletivas ou folgas. Desse grupo, 7,6 mil estão em lay-off.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, acredita que, se não houver piora do quadro econômico nos próximos meses, o PPE será suficiente para suportar o nível de emprego em geral nos próximos 12 meses. "Não há motivo para demissões", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.