Giancarlo Alves, da página Memes Brasil: empreendedor já vinha pensando em mudar o nome de sua página no Instagram (Memes Brasil/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 10 de setembro de 2024 às 17h41.
Última atualização em 10 de setembro de 2024 às 18h27.
Debate de candidatos à prefeitura de São Paulo. Estreia da novela das 9. Prisão, soltura, e nova prisão da advogada e digital influencer Deolane Bezerra. Estão aí três assuntos que, certamente, gerariam centenas de memes no X, antigo Twitter, se ele ainda estivesse disponível para usuários no Brasil.
Desde o dia 31 de agosto, porém, a rede social de Elon Musk está bloqueada judicialmente no país, enquanto não apresenta um representante legal.
Para os viciados de plantão, o que sobra é crise de abstinência — admita, você que acessava o X diariamente já escorregou e clicou sem querer no aplicativo, só para então lembrar que ele está fora do ar — e alternativas como o Threads, da Meta, e o Bluesky, criado pelo mesmo fundador do Twitter.
Mas e para quem tinha no X uma das suas fontes de receita?
É o caso do publicitário paulista Giancarlo Alves. Ele é fundador da página Memes Twitter no Instagram. A conta na rede social pegava memes que bombavam na rede social de Musk e compartilhava com cerca de 3 milhões de seguidores na rede social de Zuckerberg. Até famoso segue a página, como Ana Maria Braga, Anitta e Tatá Werneck.
Vendendo espaços publicitários, a página de Alves consegue faturar algo em torno de R$ 700 mil por ano, contando com uma enxuta equipe de cerca de quatro pessoas.
Agora sem o Twitter, a página recebe um novo nome e passa a focar em outras redes sociais para caçar os acontecimentos que são motivos de risadas para os seguidores.
A página passa a se chamar Memes Brasil, ganha um emoji de passarinho como foto principal e focará em plataformas como TikTok, Trheads, Bluesky e o próprio Instagram para achar os memes que irá compartilhar. A meta é faturar algo em torno de R$ 800 mil neste ano.
Formado em publicidade em 2015, Alves começou a página Memes Twitter em 2018, quando já trabalhava em uma agência de publicidade. A ideia surgiu de uma paixão por memes e pela comunicação rápida e sagaz que o Twitter proporcionava.
"Eu sempre fui muito curioso, e o Twitter sempre foi a rede social onde as coisas aconteciam primeiro", diz.
No início, ele usava a página no Instagram para compartilhar com amigos os memes que via. Mas os amigos começaram a compartilhar e a página foi ganhando escala. Aos poucos, Alves percebeu o potencial de curadoria de memes e começou a estruturar a página como um negócio.
Foi ainda trabalhando na agência que ele deu os primeiros passos rumo ao empreendedorismo digital.
"Com o tempo, as marcas começaram a me procurar, e eu vi que havia ali uma oportunidade de negócio", diz Giancarlo.
Em 2021, ele decidiu se dedicar exclusivamente à página, contratando uma pequena equipe para ajudar na criação de conteúdo e no atendimento às demandas publicitárias.
Hoje em dia, Giancarlo é praticamente um curador de memes.
Ele passa o dia de olho em diversas redes sociais, como TikTok, Threads e Bluesky, buscando conteúdos que têm potencial para virar meme. Até o Facebook, hoje em dia não tão consumido por gerações mais novas, entra no radar. Afinal de contas, o público de mais de 60 anos também consome a página de Alves.
"Eu vejo os conteúdos, faço uma triagem, e depois envio para a equipe que monta o layout e publica", afirma.
A equipe, inclusive, está crescendo. Até o final do ano, Giancarlo quer adicionar pelo menos mais duas pessoas no time: uma no design e outra na área de redes sociais.
Um dos diferenciais do Memes Brasil é o cuidado em dar os devidos créditos aos criadores originais dos memes, algo que, segundo Giancarlo, é fundamental para manter a integridade e a autenticidade da página.
"A gente sempre faz questão de creditar os criadores. É algo que, no início, nem todas as páginas faziam, mas para nós isso é uma prioridade", diz.
A mudança de nome já era algo que Giancarlo vinha considerando há meses.
"O Twitter deixou de ser a principal fonte de memes. Muitas coisas começaram a viralizar primeiro no TikTok e no Instagram. O bloqueio no Brasil foi o empurrão que faltava para a gente concretizar essa mudança", afirma.
Agora, sob o nome Memes Brasil, a página promete expandir ainda mais seu alcance, explorando novos formatos de conteúdo e outras plataformas. Já é possível ver mais vídeos na página, por exemplo. Inclusive alguns que veem de plataformas como o TikTok.
"A ideia é continuar com o mesmo espírito de humor, mas adaptando para as novas redes e linguagens que estão surgindo", diz Giancarlo.
A página pretende também investir em novos tipos de conteúdos, como vídeos originais, parcerias com humoristas e influenciadores, e até mesmo memes interativos que envolvam a participação dos seguidores. O objetivo é alcançar a marca de 4 milhões de seguidores até o final de 2024 e 800.000 reais em faturamento.
Apesar das mudanças, o humor continua sendo o motor da página. O próprio bloqueio do Twitter virou meme: houve até ‘missa de sétimo dia’ do X no Bluesky. Se depender de Giancarlo, os memes das eleições, da nova novela e da prisão da Deolane estão garantidos.