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De Abilio a Parente: os limites do super chairman

ÀS SETE - A indicação do presidente da Petrobras para assumir as crises da BRF cai como uma luva para uma empresa rachada e com poucas perspectivas

Parente: após o anúncio, em dois dias, entre quarta e quinta-feira, a ação da companhia subiu 15% (Bruno Kelly/Reuters)

Parente: após o anúncio, em dois dias, entre quarta e quinta-feira, a ação da companhia subiu 15% (Bruno Kelly/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de abril de 2018 às 07h23.

Última atualização em 20 de abril de 2018 às 07h29.

Uma grande fabricante de alimentos em apuros anuncia como futuro presidente do conselho um dos nomes mais respeitados do mercado corporativo brasileiro, num arranjo que assegura uma solução para acionistas “rachados”.

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A indicação é feita pelo próprio presidente do conselho que, de saída, anuncia que o novo nome, de consenso, é o ideal para “conciliar os interesses” da companhia.

Parece a recente notícia de que o Pedro Parente, presidente da Petrobras, é favorito a assumir o conselho de administração da BRF, função chamada de chairman, em inglês.

A indicação, feita pelo atual ocupante do cargo, Abilio Diniz, e confirmada ontem pelo conselho, cai como uma luva para uma empresa rachada e com poucas perspectivas.

Tanto que, em dois dias, entre quarta e quinta-feira, a ação da companhia subiu 15%, e fez passar quase despercebida a notícia de que 12 fábricas da empresa foram proibidas de exportar para a Europa.

Acontece que a notícia do início do texto trata da nomeação de Abilio Diniz para presidir o conselho da BRF, e foi dada pelo jornal Valor na noite do dia 21 de fevereiro de 2013. O valor de mercado da BRF, no dia seguinte, subiu 5%, algo como 1,8 bilhão de reais.

As consequência são mais do que conhecidas: Abilio traçou um plano de modernizar a companhia, focando em agilidade comercial e apostando em produtos de maior valor agregado. Fazia todo o sentido, segundo analistas comentaram à época, mas deu tudo errado na prática, com perdas de 40 bilhões de reais em valor de mercado.

A história que se repete reacende a discussão sobre a importância (e os limites) do presidente do conselho para os rumos de uma companhia. O conselho traça estratégias e incentivos, e escolhe e demite os gestores.

Mas o dia-a-dia tem complexidades que vão além das acolchoadas cadeiras do board. No caso de uma empresa com as complexidades operacionais da BRF, o poder de um presidente de conselho, por melhor que sejam seus predicados, é ainda mais limitado. Se a história serve de lição, os acionistas da BRF deveriam estar mais reticentes com as mudanças no conselho da companhia.

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