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Companhias aéreas europeias miram o crescente mercado latino-americano

O tráfego aéreo na América Latina teve o seu maior aumento desde 2011, acima da expansão global, de 9,3%

Air France: a companhia aérea francesa inaugurou o trecho entre Fortaleza e Paris (Jacky Naegelen/Reuters/Reuters)

Air France: a companhia aérea francesa inaugurou o trecho entre Fortaleza e Paris (Jacky Naegelen/Reuters/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de maio de 2018 às 14h20.

A inauguração de um trecho entre Fortaleza e Paris pela Air France-KLM deixou claro o interesse das companhias aéreas europeias em ampliar sua presença na América Latina, um mercado crescente, mas muito mais voltado para a Estados Unidos e Canadá.

O tráfego aéreo latino-americano teve seu maior aumento desde 2011 no ano passado, a 9,3% - acima da expansão global, de 7,6% -, segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).

No primeiro semestre deste ano, o céu continuará cheio: viagens internacionais da América Latina e do Caribe devem crescer 9,3% de acordo com previsões da consultoria ForwardKeys.

A empresa também prevê um aumento de 16,5% nas reservas com destino ao Brasil, de longe o maior mercado da região.

"A tendência nas reservas de e para a América Latina é incrivelmente saudável. Observamos um círculo virtuoso", disse o CEO da ForwardKeys, Olivier Jager, destacando que "diversas companhias estão aumentando sua capacidade" para a região.

Contudo, a América Latina mira tradicionalmente mais nos Estados Unidos e no Canadá que na Europa.

Em toda a região, o tráfego internacional com a América do Norte representa 81% do total de passageiros, bem superior ao da Europa.

Em 2016, de acordo com os últimos dados disponíveis da Associação de Companhias Aéreas da América Latina e do Caribe (Alta), 16,33 milhões de passageiros foram transportados de ou para a América do Norte.

Comparativamente, as conexões com a Europa foram de apenas 3,28 milhões de passageiros, quase um quinto. Mas, ao mesmo tempo, tiveram um crescimento notável, de 14,1%.

Região a ser explorada

"A América Latina é um mercado muito interessante para as companhias europeias", avalia Carlos Osores, diretor da consultoria de aviação ICF.

Diferentemente da América do Norte, "que é um mercado maduro", aqui há "oportunidades para gerar lucros maiores, como na África, porque não há uma concorrência real das low-cost".

Toda a região está subexplorada, mas ele destacou o caso do Brasil, "que tem um potencial gigantes, mas só recebeu 6 milhões de turistas internacionais em 2016, o mesmo número que a pequena República Dominicana", aponta Osores.

As companhia europeias TAP (proprietária da Azul), Iberia, Air France-KLM, Air Europa, Turkish Airlines e as low cost Norwegian e Level aumentaram de 10% a 40% sua capacidade entre América Latina e Europa nos últimos doze meses.

Embora três novas conexões com a Europa tenham sido abertas - em Buenos Aires e Recife -, com os Estados Unidos esse número é três vezes maior.

"As distâncias são maiores com a Europa", destaca Osores, como uma das desvantagens do Velho Continente,mas as "tarifas são elevadas por uma falta de concorrência".

"É comum que grande rotas sejam operadas apenas por uma ou duas companhias", disse.

Para poderem se desenvolver, as companhias europeias deveriam buscar rotas secundárias em destinos mais originais - como já fazem as companhias americanas, que acabaram de abrir voos em Belo Horizonte, Recife e Salvador.

Frequência histórica

Essa é a mesma aposta da Air France-KLM, que inaugurou nesta quinta-feira (3) dois voos semanais de Paris a Fortaleza. As conexões são operadas pela brasileira GOL.

Em maio, a KLM abrirá uma conexão entre Amsterdam e Fortaleza, que terá partidas três vezes por semana.

A ideia é aproveitar a ampla rede da GOL para se expandir nas regiões Norte e Nordeste do Brasil - preteridas diante da elevada concentração de voos para São Paulo.

"A geografia de Fortaleza é ideal. É um ponto de entrada no Brasil muito mais rápido, muito mais próximo da Europa", disse à AFP o diretor comercial da Air France, Patrick Alexandre.

Essa opção promete ser rentável diante dos problemas de infraestrutura do Brasil, especialmente no aeroporto de Guarulhos, muito saturado, bem como os de Bogotá, Lima e Santiago do Chile.

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