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CEO da maior operadora do McDonald's pede reforma da Previdência rápida

A Arcos Dorados opera 2.160 lanchonetes na América Latina e a maior parcela do lucro — US$ 3,1 bilhões em 2018 — vem do Brasil

 (PAULO PAMPOLIN/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 21 de abril de 2019 às 08h00.

Última atualização em 22 de abril de 2019 às 08h54.

A reforma da previdência precisa ser aprovada antes de agosto para não impedir a recuperação do consumo no País. Esta é a avaliação da Arcos Dorados, a maior operadora de franquias dos restaurantes McDonald’s no mundo.

“O Brasil é nossa principal preocupação, e acompanhamos de perto a evolução do ambiente macroeconômico, pois é o nosso principal motor”, disse o CEO Sergio Alonso em uma entrevista. “O grande problema vem quando as expectativas que estimulam o consumo não são acompanhadas de políticas econômicas.”

Presidente Jair Bolsonaro tem enfrentado dificuldades para obter apoio no Congresso para a proposta, que em sua forma atual visa economizar mais de R$ 1 trilhão nos próximos dez anos. A recuperação após anos de recessão depende da capacidade do novo governo de revitalizar a economia por meio de reformas.

“Se chegarmos em 30 de junho e a reforma não for aprovada ou continuar sem aprovação em julho e, em agosto, continuarem as discussões, a reforma perde impulso e por fim termina com economias de apenas R$ 300 milhões a R$ 400 milhões por ano, isso acabará reprimindo as expectativas da população e haverá impacto no consumo”, disse Alonso. Um porta-voz do governo não quis comentar o assunto imediatamente.

O gasto dos consumidores com serviços de alimentação no quarto trimestre aumentou 3,3 por cento em relação ao trimestre anterior e 2,6 por cento em relação a um ano antes, segundo o Instituto Foodservice Brasil. A Arcos Dorados opera 2.160 lanchonetes na América Latina e a maior parcela do lucro — US$ 3,1 bilhões em 2018 — vem do Brasil. De acordo com Alonso, o desempenho da empresa no primeiro trimestre está alinhado aos dados que apontam para novo crescimento no setor de fastfood.

O consumo está aumentando com base nas expectativas de que a economia receberá investimento estrangeiro assim que a reforma passar pelo Congresso, mas o prazo está diminuindo.

"Acompanhamos a situação de perto", disse Alonso. "Estamos mais preocupados do que em janeiro ou fevereiro, mas ainda confiantes." Enquanto os títulos da Arcos Dorados estão sendo negociados acima do valor de face, as ações caíram mais de 20% desde o pico em janeiro.

Atraso de investimento

A Arcos Dorados planeja investir até US$ 300 milhões na América Latina ao longo de 2019, sendo dois terços no Brasil, informou Alonso. Sem a reforma, o plano de expansão pode ser adiado. O Brasil é o maior mercado entre os 20 países onde a companhia opera.

A empresa, que tem sede em Montevidéu, continuará bancando seu plano de investimento com o fluxo de caixa livre e não pretende emitir mais dívidas, informou o diretor financeiro, Mariano Tannenbaum. O objetivo é manter a razão entre a dívida líquida e uma métrica de lucro em 1,4, acrescentou ele.

A companhia pode acessar o mercado de crédito para administrar o passivo. Como gera receita em moeda local, a Arcos Dorados pode recomprar parte dos quase US$ 600 milhões em títulos de médio e longo prazo denominados em dólares para depois vender dívida em reais. Assim, a rede de franquias evitaria o custo atrelado ao hedge cambial de 50 por cento dessa dívida, explicou Tannenbaum.

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