ByteDance, dona do TikTok (Anadolu Agency / Colaborador/Getty Images)
Em um mercado dominado por empresas dos EUA, como Google, Meta e Amazon, uma rede social chinesa se destacou e virou uma verdadeira febre mundial: o TikTok.
A rede social de vídeos curtos, que existe desde 2016, explodiu de usuários e acessos durante o ano de 2020 e rapidamente se consolidou ao lado de outras gigantes do segmento como Facebook e Instagram, marcas da Meta, ou YouTube, do Google.
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Por trás do TikTok, que já bateu um bilhão de downloads, está o gigante conglomerado de tecnologia chinês ByteDance, considerada a startup mais valiosa do mundo pelo Harvard Business Report.
Embora ainda não tenha realizado uma oferta pública de ações, a ByteDance é uma das maiores empresas privadas de tecnologia do mundo, com negociações recentes no mercado secundário de private equity avaliando-a em cerca de US$ 300 bilhões, segundo projeções da Bloomberg.
Enquanto o TikTok ganhava os holofotes do público das redes sociais e dos influenciadores digitais e ditava boa parte das tendências de consumo dentro dessas mídias, A ByteDance se movimentava para ampliar seus negócios e sua influência no mercado de forma geral.
A jogada mais recente da ByteDance foi a cerca de um mês atrás, quando a empresa concordou em pagar US$ 1,5 bilhão pela rede Amcare Healthcare, uma das maiores redes hospitalares da China. A rede é referência no cuidado de crianças e mulheres e possui um serviço de luxo para mulheres grávidas: o hospital oferece um pacote de cuidados pós-parto de US$ 32 mil.
Vale lembrar que não é a primeira incursão da ByteDance no setor de saúde. A big tech chinesa possui um aplicativo próprio de saúde, o Xiaohe, voltado para consultas online, hospitalares e serviços de bem-estar.
Para além de hospitais de luxo e aplicativos, a ByteDance possui outros curiosos investimentos, em setores que vão da tecnologia e inovação ao setor de alimentos e educação. Dentro do próprio segmento dos aplicativos, a ByteDance possui o Douyin, uma versão chinesa do TikTok, a plataforma de streaming de vídeos Xigua e o agregador de notícias Jinri Toutiao.
Para ilustrar que a atenção da gigante chinesa não está apenas voltada para as redes sociais e o setor de tecnologia, o portal Business Insider listou as principais e mais curiosas aquisições da ByteDance nos últimos anos. Confira:
A Manner Coffee é uma rede de cafeteria com sede em Shangai, na China. O investimento da ByteDance na empresa foi anunciado em junho de 2021, mas não teve seu valor revelado.
Segundo informações da Bloomberg, a rede de cafés chegou a especular um possível IPO na bolsa de Hong Kong, mas os planos não saíram do papel. À época, o negócio foi avaliado em cerca de US$ 200 milhões.
Além dos cafés, a ByteDance tem mais um projeto na indústria de bebidas. A Ning Ji é uma marca de chá chinesa que Ji levantou US$ 1,6 milhão em julho de 2021 em uma rodada de financiamento da série A da ByteDance, junto com outros investidores.
Como empresa mãe do TikTok, é de se esperar que a ByteDance realize movimentos dentro da indústria de tecnologia, principalmente voltado ao entretenimento.
O Moonton, um estúdio de jogos com sede em Xangai famoso por seu jogo Mobile Legends, foi adquirido pela ByteDance em 2021. O acordo da ByteDance supostamente avalia a fabricante de videogames em US$ 4 bilhões, disseram duas fontes à Reuters.
A aquisição do estúdio faz da ByteDance a empresa dona do Mobile Legends, um jogo de celular com mais de 75 milhões de jogadores ativos mundialmente, e chega para reforçar a Nuverse, braço da ByteDance no setor de jogos eletrônicos.
A ByteDance é uma investidora de longa data Lanxiong Hot Pot, uma franquia de lojas de conveniência especializadas em ingredientes para pratos quentes. Hoje, a ByteDance é um dos principais acionistas da Lanxiong, concentrando 15% de todas as ações.
A Minerva Project é uma empresa americana de educação que combina "ciência educacional líder com tecnologia digital avançada para redesenhar completamente o que, como e onde a educação ocorre", de acordo com seu site.
A ByteDance não é apenas uma investidora na empresa, mas o Minerva Project conta com Zhang Yiming, fundador da ByteDance, como um dos membros do conselho.
Em 2019, a empresa levantou US$ 57 milhões em uma rodada de investimentos junto à ByteDance.
Li Auto é uma montadora chinesa de veículos elétricos e uma das principais aquisições da ByteDance no setor de inovação e tecnologia.
Fundada em 2015, a empresa com sede em Pequim, na China, abriu seu capital na Nasdaq há dois anos e levantou US$ 1 bilhão com o IPO na bolsa americana. Atualmente, segundo dados do Techcrunch, a montadora um valor de mercado de aproximadamente US$ 25 bilhões.
A ByteDance desembolsou um investimento de US$ 30 milhões no financiamento da Série C da empresa, de acordo com o TechCrunch.
A iMile é uma empresa de entrega e logística com sede em Dubai que presta serviços para países do Oriente Médio e América Latina, além de atuar na China.
Segundo a Bloomberg, a ByteDance tornou-se uma das principais acionistas da empresa depois de uma rodada de financiamento série A da empresa levantar US$ 40 milhões.
A marca de alimentos saudáveis Shark Fit é mais uma das apostas da ByteDance no setor de alimentos e bebidas. Após uma rodada de investimentos série C, a companhia levantou US$ 17 milhões e teve como uma das suas principais investidoras a ByteDance.
A ByteDance também está de olho nas empresas que podem mudar o mundo através da ciência nos próximos anos. Neste ano, a big tech anunciou que se tornou uma investidora oficial na Shuimu BioSciences, empresa do setor de biotecnologia que combina inteligência artificial com o poder da microscopia crio-eletrônica.
A técnica de microscopia crio-eletrônica, que garantiu o Prêmio Nobel de Química aos cientistas Jacques Dubochet, Joachim Frank e Richard Henderson, permite uma análise de moléculas biológicas com uma nitidez sem precedentes na ciência.
A startup, então, combina essa técnica com uma IA programada com algoritmos de aprendizado profundo para automatizar a coleta de dados dessas moléculas.
Em 2021, a ByteDance reportou que teve um aumento de receita de 70% em comparação ao período anterior e que as cifras da companhia atingiram os US$ 58 bilhões.
Mesmo com resultados de impacto, à medida que a China endurece sua regulamentação de grandes empresas de tecnologia, os números indicam um crescimento mais lento do que um ano antes. Em 2020, a receita total da empresa com sede em Pequim cresceu mais de 100%, para US$ 34,3 bilhões.