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Aposentadoria do CEO da Target mostra abismo entre classes

Gregg Steinhafel recebeu planos de benefícios avaliados em mais de US$ 47 milhões, enquanto a maioria dos trabalhadores conta com planos comuns de aposentadoria


	Target: "a Target joga migalhas para os trabalhadores e os executivos ficam com o bolo", disse ex-empregado
 (Getty Images)

Target: "a Target joga migalhas para os trabalhadores e os executivos ficam com o bolo", disse ex-empregado (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2015 às 20h16.

Nova York - A diferença nos salários norte-americanos entre os que ganham mais e os que ganham menos tem crescido nos últimos anos. Muito menos notado é o abismo entre as aposentadorias.

Enquanto os que estão no alto continuam muitas vezes a receber aposentadorias de executivos, além de outros benefícios, a maioria dos trabalhadores só conta com seus planos 401(k).

A remuneração dos CEOs nas grandes empresas norte-americanas em 2013 era 204 vezes maior em média do que a remuneração dos trabalhadores, um crescimento de 20 por cento desde 2009, de acordo com dados recolhidos pela Bloomberg.

E a fratura nos benefícios da aposentadoria "perpetuam a desigualdade de renda na velhice", disse Paul Hodgson, consultor de governança corporativa que pesquisou a remuneração de executivos.

Alguns setores mostram essa tendência mais do que outros. Grandes redes de varejo, com seus exércitos de trabalhadores com baixos salários e sua elite de executivos, podem ser especialmente emblemáticas dessa diferença na aposentadoria.

Gregg Steinhafel, que se aposentou como CEO da Target Corp. em maio depois de um grande vazamento de dados de cartões de crédito, recebeu planos de benefícios avaliados em mais de US$ 47 milhões.

Quando ele entrou na Target em 1979, a empresa com sede em Minneapolis oferecia generosos programas de aposentadoria - tão generosos para os executivos que incluíam um plano de compensação diferida que pagava 12 por cento de juros garantidos.

Esse é um forte contraste com o plano de aposentadoria médio dos empregados da Target. O pacote total de Steinhafel é 1.044 vezes o saldo médio de US$ 45.000 que os trabalhadores guardam no plano 401(k) da empresa.

O pacote de benefícios de Steinhafel

O pacote de Steinhafel incluía US$ 27,7 milhões de uma pensão combinada para altos executivos e um plano de compensação diferido. Ele também recebeu US$ 9,8 milhões de um plano de compensação diferida anterior, assim como mais US$ 9,9 milhões em juros sobre essa soma.

Além disso, Steinhafel, que trabalhou na Target por 35 anos, recebeu US$ 7,2 milhões em dinheiro como indenização e US$ 4,1 milhões de prêmios em ações conferidas a ele quando se aposentou aos 59 anos. Isso tudo além dos mais de US$ 20 milhões em salário e bônus que ganhou nos anteriores cinco anos e de US$ 56,4 milhões em ganho de capital no mesmo período, de acordo com relatórios da empresa.

Pedaço do bolo

"A Target joga migalhas para os trabalhadores e os executivos ficam com o bolo", disse Ron Pierce, ex-trabalhador na varejista em Stuarts Draft, Virgínia.

Pierce, empregado na Target de 2007 a 2012, defendia melhores salários e benefícios para os trabalhadores. Ele disse que trabalhava turnos de dez horas, levantando 5.000 caixas por dia a US$ 21 a hora. Quando saiu, tinha US$ 32.000 em sua conta 401(k). A Target pagava o mesmo valor que as contribuições dos trabalhadores, até 5 por cento do salário. Ele também deixou a empresa com uma pensão pelo qual recebeu o valor único de US$ 4.600, que a empresa não continuou dando aos trabalhadores que entraram depois de 2008.

Os 31.000 aposentados da varejista receberam uma aposentadoria anual média de US$ 4.000 em 2013, de acordo com os relatórios da empresa. Para os empregados atuais, a Target possui uma participação "abaixo da média" em seus planos 401(k), de acordo com BrightScope Inc., uma empresa de San Diego que avalia 401(k)s.

Declínio das aposentadorias

Entre os desafios para aqueles que ganham salários por hora está o quase universal declínio das aposentadorias tradicionais. O número de planos de aposentadoria caiu em mais de 70% para um total de 42.300 entre 1984 e 2012, enquanto os planos 401(k) se multiplicaram, passando de 17.000 para 500.000 nesse período. Planos 401(k) mantidos pelos empregados não substituíram efetivamente essas pensões.

A média combinada de 401(k) e de contas individuais de aposentadoria para famílias lideradas por pessoas entre 55 e 64 anos era de US$ 111.000 em 2013. Esse dinheiro vai render pouco mais de US$ 4.000 por ano, assumindo a taxa recomendada de retirada de 4 por cento.

Os chamados planos de aposentadoria suplementar para executivos, ou SERPs na sigla em inglês, são normalmente calculados multiplicando os anos de serviço e a média dos salários recebidos pelos executivos nos últimos três a cinco anos de serviço, quando os salários estão no auge.

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