Logotipo da Shell: BG hoje é a principal sócia da Petrobras na produção de petróleo no pré-sal (Cate Gillon/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de janeiro de 2016 às 19h13.
Londres - A oferta da anglo-holandesa Shell de aquisição da britânica BG Group sofreu um golpe nesta sexta-feira, quando um primeiro grande acionista informou que irá votar contra o acordo de 49 bilhões de dólares, dando como um dos motivos riscos relacionados aos ativos da BG no Brasil.
A BG hoje é a principal sócia da Petrobras na produção de petróleo no pré-sal e a segunda maior produtora de óleo e gás do país, atrás apenas da petroleira estatal.
O anúncio de desaprovação feito pelo acionista Standard Life Investment's veio no mesmo dia que a influente consultoria de investidores Institutional Shareholder Services (ISS) endossou o acordo, dizendo que a crise nos mercados de petróleo não impede seus benefícios estratégicos.
O primeiro sinal público de discordância de um investidor importante não deve, sozinho, frustrar a expectativa do presidente mundial da anglo-holandesa Ben van Beurden de ganhar o apoio necessário dos acionistas em uma votação marcada para 27 de janeiro.
Poucos investidores e analistas têm desafiado abertamente os benefícios estratégicos do negócio para a Shell, que, com a conclusão do acordo, se tornará a principal comercializadora de gás natural liquefeito (GNL) do mundo e uma grande produtora de petróleo em mar.
Contudo, com os preços do petróleo definhando na casa dos 30 dólares por barril e com previsões de uma lenta recuperação, os investidores têm citado preocupações sobre a viabilidade do negócio que envolve pagamento em ações e em dinheiro, que aumentaria o peso da dívida da Shell.
"Concluímos que os termos propostos da aquisição da BG são destrutivos aos valores para acionistas da Shell", disse David Cumming, chefe de equities da Standard Life Investments, em comunicado.
"Esta visão é baseada nos riscos de baixa para o cenário de preços de petróleo da Shell, além dos riscos fiscais e operacionais que cercam a base de ativos da BG brasileira. Consequentemente vamos votar contra o acordo."
RISCO BRASIL
A compra da BG vai aumentar a exposição da Shell a riscos no Brasil, que está sofrendo sua pior recessão em décadas. Também tornará a Shell uma parceira ainda mais próxima da Petrobras.
A estatal brasileira está no meio de um escândalo de corrupção, que envolveu desvio de valores de seus contratos com fornecedores para políticos e executivos de diversas empresas.
A dívida da Petrobras de quase 130 bilhões de dólares também é a maior para uma empresa de petróleo do mundo. A empresa enfrenta ainda crescente dificuldade para pagar enormes investimentos em ativos que estão em mar, muitos deles com a BG.
O Standard Life é o 11º maior detentor de ações B da Shell, com uma participação de 1,7 por cento. As ações B da Shell serão o componente acionário no negócio que envolve dinheiro e ações, cuja expectativa de conclusão é 15 de fevereiro.
A Shell manteve-se confiante na vitória do voto.
"Continuamos a acreditar que temos a ampla base de apoio acionista que precisamos para concluir o negócio", disse um porta-voz da Shell.