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Tunisianos vão às urnas para eleição presidencial incerta

A principal preocupação dos tunisianos é a crise social, em um país de alto desemprego entre os jovens e com alta inflação

Mulher vota em Tunis, na Tunísia, dia 15/9/2019
 (Muhammad Hamed/Reuters)

Mulher vota em Tunis, na Tunísia, dia 15/9/2019 (Muhammad Hamed/Reuters)

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AFP

Publicado em 15 de setembro de 2019 às 14h10.

Sete milhões de pessoas votam neste domingo (15) na Tunísia, país pioneiro da chamada "Primavera Árabe", para escolher seu próximo presidente, em uma eleição de resultado incerto diante do grande número de candidatos e após uma campanha sem claras divisões políticas.

Até o meio da tarde, a participação tinha sido de 16,3%, anunciou a Isie, instância organizadora das eleições.

"Estamos decepcionados com este índice. É baixo, e esperamos que avance até as 18h (14h em Brasília)", horário de fechamento das seções eleitorais, declarou Nabil Azaizi, membro da Isie.

Entre os 26 candidatos, estão o premiê Yussef Chahed, com um polêmico balanço; Nabil Karui, um magnata das comunicações investigado por lavagem de dinheiro e preso; e Abdelfattah Mourou, o primeiro candidato do partido de inspiração islamita Ennahdha.

As apostas seguem até o último minuto, alimentadas pelas pesquisas divulgadas por baixo dos panos (sua publicação está proibida desde julho) e pela grande indecisão dos eleitores diante da grande oferta.

"A eleição é difícil, e não haverá satisfação para 100%", resumiu Amira Mohamed, uma eleitora de 38 anos.

Muitos disseram que ficaram indecisos até o final.

"Onde estão os jovens?"

Nas primeiras horas da eleição, a média de idade era bem mais alta nos postos eleitorais.

"Mas onde estão os jovens? É o futuro de seu país, seu futuro", lamentou Adil Toumi, um senhor na faixa dos 60 anos, que foi "participar de uma festa nacional, uma vitória da democracia".

Enquanto nas primeiras eleições livres na Tunísia, em 2011, a disputa foi em torno do apoio e da rejeição à Revolução e, em 2014, a questão-chave foi sobre o apoio aos islamitas, este ano, alguns candidatos tentaram se apresentar como "antissistema".

A principal preocupação dos tunisianos é a crise social, em um país de alto desemprego entre os jovens e com uma inflação que pesa para os mais pobres.

O primeiro-ministro Yussef Chahed se vê limitado pelo controverso balanço de seus três anos no poder, marcados por uma clara melhoria da segurança, mas também pela queda do poder aquisitivo da população.

De acordo com o analista Michael Ayari, do International Crisis Group (ICG), a tensão entre os diferentes grupos em disputa acentua o risco de fazer o processo eleitoral descarrilar.

Estas eleições são um "teste" para a jovem democracia tunisiana, já que "poderão ter que aceitar a vitória de um candidato que gere divisão", afirma a pesquisadora Isabelle Werenfels.

Hoje, foram mobilizados cerca de 70 mil membros das forças de segurança, segundo o Ministério do Interior.

Na madrugada de segunda-feira, algumas estimativas e pesquisas já devem começar a ser divulgadas, mas os resultados oficiais preliminares não devem ser anunciados antes de terça.

Se nenhum candidato obtiver maioria absoluta no primeiro turno, os partidos se verão obrigados a preparar, de maneira simultânea, as eleições legislativas de 6 de outubro e o segundo turno da presidencial, antes do dia 23 do mesmo mês.

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