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Socialistas romenos se rebelam contra premiê e derrubam governo

Caso Grindeanu insista em permanecer no cargo, o seu partido recorrerá a uma moção de censura para expulsá-lo do poder

Sorin Grindeanu, primeiro-ministro da Romênia, dia 04/02/2017 (Stoyan Nenov/Reuters)

Sorin Grindeanu, primeiro-ministro da Romênia, dia 04/02/2017 (Stoyan Nenov/Reuters)

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EFE

Publicado em 14 de junho de 2017 às 18h49.

Bucareste - O primeiro-ministro da Romênia, o social democrata Sorin Grindeanu, perdeu nesta quarta-feira, após apenas seis meses no cargo, o apoio do seu partido sob o argumento de que não cumpriu o programa eleitoral.

"O Partido Social democrata (PSD) está preparado para formar um novo governo", declarou o líder da legenda, Liviu Dragnea, em uma coletiva de imprensa organizada no parlamento, após uma reunião do Comitê Executivo da formação.

Dragnea anunciou que todos os ministros já apresentaram sua demissão e que o próprio Grindeanu antecipou que também renunciaria se o presidente do país, Klaus Iohannis, propor outro social democrata como premiê.

No caso que Grindeanu insista em permanecer no cargo, o seu partido recorrerá a uma moção de censura para expulsá-lo do poder, advertiu Dragnea, que acredita que não será necessário chegar a esse extremo e lembrou que o premiê "já não tem governo".

No entanto, o primeiro-ministro romeno parece disposto a manter-se no cargo.

"Não renuncio. Tenho a obrigação de comportar-me de forma responsável. É o governo da Romênia, não do Comitê Executivo (socialista)", declarou Grindeanu em coletiva de imprensa.

"Renunciarei quando Iohannis, após as consultas com os partidos, nomear um premiê do PSD", acrescentou o ainda chefe do Gabinete.

O chefe do Executivo também criticou duramente Dragnea, a quem acusou de agir sozinho por ânsia de poder.

"Por que pressionar seus próprios ministros, colocados ali por você mesmo? Só encontrei uma razão: o desejo de uma só pessoa de ter todo o poder", denunciou.

Com a decisão de retirar seu apoio a Grindeanu, unânime entre os membros da cúpula do partido, se encerram cinco dias de pressões pela renúncia, algo a que o chefe de governo se recusou até agora.

Antes, o grupo da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE), que faz parte da coalizão governante com o PSD, também havia decidido retirar o apoio politico ao premiê.

Nos últimos dias, vários dirigentes do Partido Social Democrata tinham exigido publicamente a saída de Grindeanu, acusando-lhe de não cumprir as promessas com as quais o partido ganhou as eleições de dezembro do ano passado.

No entanto, vários analistas explicaram que a rebelião da cúpula do PSD contra seu premiê se deve à atitude combativa de Grindeanu perante a corrupção e sua recusa a impulsionar um indulto que beneficiaria companheiros do seu partido acusados ou condenados por práticas ilegais.

"Grindeanu se recusa a ajudar-lhes após o polêmico decreto que suscitou em fevereiro os maiores protestos na Romênia desde a queda do comunismo em 1989", explicou à Agência Efe o analista Dan Tapalaga.

Essa onda de protestos começou pouco após a posse de Grindeanu e se prolongou durante semanas, quando o governo aprovou pela via de urgência um decreto que despenalizava alguns casos de corrupção.

Liviu Dragnea, líder do PDS e impulsor da renúncia de Grindeanu, teria sido um dos políticos a beneficiar-se dessa medida.

Dragnea não pôde candidatar-se ao cargo de primeiro-ministro por uma condenação por fraude eleitoral que lhe desabilita para o cargo.

De qualquer forma, os protestos em massa forçaram o Executivo a anular esse decreto.

Nos últimos anos, cerca de três mil políticos romenos acabaram na prisão por delitos de corrupção, entre eles o ex-premiê social democrata Adrian Nastase.

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