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Presidente coreana foi conivente com corrupção, dizem promotores

Declaração de promotores pode convencer partidos de oposição a pressionarem pelo impeachment de Park Geun-hye

Park Geun-hye: promotores acusaram formalmente amiga próxima da presidente (Don Emmert/AFP)

Park Geun-hye: promotores acusaram formalmente amiga próxima da presidente (Don Emmert/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de novembro de 2016 às 12h37.

Seul - A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, conspirou a favor de atividades criminosas supostamente cometidas por sua amiga próxima, Choi Soon-sil, acusada de ter explorado suas relações com a presidente a fim de acumular fortuna ilícita, afirmaram neste domingo promotores do país, durante coletiva de imprensa transmitida por uma rede de TV local. A declaração pode convencer partidos de oposição a pressionarem pelo impeachment de Park.

Os promotores acusaram Choi formalmente, neste domingo, por suspeita de interferir em questões de Estado e pressionar empresas a pagar dezenas de milhões de dólares a fundações e companhias controladas por ela. Eles também pretendem interrogar Park pessoalmente. O porta voz presidencial, Jung Youn-kuk declarou ter sugerido firmemente que Park continue se recusando a ser interrogada.

Durante a coletiva, o chefe do escritório central da promotoria de Seul, Lee Young-ryeol, afirmou que, baseado em evidências, "a presidente está envolvida em parte considerável das atividades criminosas das quais são acusados Choi Soon-sil, Ahn Jong-beom and Jung Ho-sung, referindo-se a dois assessores presidenciais também acusados formalmente de terem colaborado com Choi.

"Entretanto, devido à condição de impunidade do presidente expressa no artigo 84 da Constituição, não podemos acusar a presidente", declarou o promotor Lee. "O núcleo da investigação especial continuará a pressionar por uma investigação da presidente, com base nesse julgamento", complementou. Pela Constituição sul-coreana, a presidente não pode ser processada, exceto por traição, mas pode ser investigada.

O porta voz de Park rebateu afirmando que a presidente planeja provar sua inocência cooperando com uma investigação promovida por um promotor especial.

Também neste domingo, o maior partido de oposição da Coreia do Sul, Minjoo, publicou um comunicado demandando que Park renuncie imediatamente, defendendo que um suspeito de crimes não deveria ter autorização para liderar o país. Ontem, cerca de 30 mil pessoas, segundo a polícia, ocuparam importantes avenidas do centro de Seul para pedir a renúncia de Park Geun-hye, no que pode ter sido a maior manifestação no país desde o fim da ditadura há três décadas. Apoiadores da presidente fizeram demonstrações menores em ruas próximas.

Por causa dos protestos das últimas semanas, partidos de oposição vêm aumentando a pressão pela renúncia de Park. Na quinta-feira, o Parlamento da Coreia do Sul aprovou uma lei que permite a um promotor especial investigar o escândalo de corrupção que ameaça a presidente. Hoje, oito líderes políticos de três partidos de oposição do Parlamento se reuniram antes de divulgar um comunicado conjunto convocando seus partidos a iniciar discussões para pressionar por um processo de impeachment.

Acusações Além de Choi, os promotores acusaram formalmente Ahn Jong-beom, ex-secretário sênior de Park para a coordenação política, de abuso de autoridade, coerção e tentativa de coerção, devido a alegações de que ele pressionou empresas a fazerem grandes doações a fundações e empresas controladas pela Choi. Jung Ho-sung, o outro ex-assessor indiciado, foi acusado de compartilhar documentos presidenciais confidenciais para Choi, incluindo dados sobre candidatos ministeriais.

Segundo o promotor Lee, Choi e Ahn conspiraram para pressionar as empresas a doar um total de 77,4 bilhões de won (US$ 65,5 milhões) às fundações Mir e K-Sports, ambas sem fins lucrativos, controladas por Choi. As empresas eram coagidas a não se recusar a fazer as doações sob pena de enfrentarem dificuldades em obter aprovação do governo para projetos ou se tornarem alvo de investigações fiscais, disse Lee.

Choi e Ahn também teriam pressionado o Grupo Lotte a doar 7 bilhões de won (US$ 5,9 milhões) à Fundação K-Sports para financiar a construção de uma unidade esportiva na cidade de Hanam, que deveria ser operada pela Azul K, empresa criada por Choi, de acordo com o promotor. O dinheiro foi devolvido mais tarde.

A montadora Hyundai e a empresa de telecomunicações KT foram forçadas a destinar 13 bilhões de won (US$ 11 milhões) para propagandas feitas pela Playground, agência de publicidade comandada por Choi, acrescentou o promotor. A Hyundai também teve de comprar 1,1 bilhão de won (US$ 931 mil) em suprimentos de um fabricante de autopeças controlado por uma pessoa próxima a Choi. Ahn e Choi também tentaram, mas não conseguiram, assumir o controle de uma agência publicitária anteriormente administrada pela siderúrgica Posco, segundo Lee.

O mandato de Park termina em 24 de fevereiro de 2018. Se ela renunciar antes da eleição presidencial, em 20 de dezembro de 2017, uma eleição deve ser realizada dentro de 60 dias. Fonte: Associated Press.

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