Mundo

Plano de paz de Putin para Ucrânia é farsa, diz premiê

O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, qualificou o plano de paz apresentado por Putin de uma tentativa de enganar a comunidade internacional


	Arseni Yatseniuk: "esse plano é uma tentativa de enganar a comunidade internacional"
 (Alex Kuzmin/Reuters)

Arseni Yatseniuk: "esse plano é uma tentativa de enganar a comunidade internacional" (Alex Kuzmin/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2014 às 13h40.

Kiev - O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, qualificou o plano de paz para a Ucrânia apresentado nesta quarta-feira pelo presidente russo, Vladimir Putin, como um "tentativa de enganar a comunidade internacional" para evitar as novas sanções do Ocidente contra Moscou.

"Esse plano é uma tentativa de enganar a comunidade internacional às vésperas da cúpula da Otan e uma tentativa de evitar as inevitáveis decisões da União Europeia sobre uma nova onda de sanções contra a Rússia", disse Yatseniuk, citado pelo departamento de Informação e Relações Públicas de seu governo.

O chefe do Executivo ucraniano assegurou que "todos os acordos anteriores com a Rússia -alcançados em Genebra, Normandia, Berlim e Minsk- foram ignorados ou simplesmente violados pelo regime russo", que é acusado por Kiev de apoiar com tropas e armamento os separatistas pró-Rússia do leste.

Para Yatseniuk, o melhor plano de paz para o leste da Ucrânia deveria conter um só ponto: a retirada das tropas russas e das milícias separatistas das duas regiões rebeldes, Donetsk e Lugansk.

Após acusar a Rússia de querer "eliminar a Ucrânia e restabelecer a URSS", o primeiro-ministro acrescentou que seu país "espera decisões da Otan e da UE para parar o agressor".

No entanto, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, cuja administração anunciou hoje um acordo para alcançar um "regime de cessar-fogo", manifestou que espera "passos reais para o estabelecimento da paz" nas consultas do Grupo de Contato para a Ucrânia que serão realizadas em Minsk na próxima sexta-feira.

A presidência ucraniana anunciou "um acordo sobre um cessar-fogo permanente" como resultado de uma conversa telefônica entre Putin e Poroshenko, embora mais tarde precisou em outra nota que se trata de "um regime de cessar-fogo".

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, desmentiu que o acordo anunciado por Kiev fora alcançado entre os dois líderes, com o argumento de que "a Rússia não pode concordar com o cessar-fogo porque não é parte no conflito" armado.

O plano de Putin pede aos dois grupos que coloquem fim a qualquer ação ofensiva no território das regiões de Donetsk e Lugansk e assinala que as tropas ucranianas devem se retirar das imediações de todos as cidades a uma distância que impeça sua canhonada com artilharia.

A questão contempla também o controle internacional do cessar-fogo, a troca de detidos e prisioneiros mediante a fórmula de "todos por todos", a abertura de corredores para os refugiados e a ajuda humanitária, a proibição de bombardeios aéreos e o envio de especialistas para a reparação das infraestruturas.

O presidente russo anunciou seu plano, elaborado segundo ele durante seu voo à capital da Mongólia, às vésperas da União Europeia aprovar uma nova rodada de sanções contra a Rússia por sua crescente intervenção na crise da Ucrânia.

A Ucrânia também atravessa momentos delicados em sua operação militar contra os separatistas devido à bem-sucedida contra-ofensiva das milícias, que em pouco mais de uma semana recuperaram dezenas de localidades controladas pelas forças de Kiev e abriram uma terceira frente no sul da região de Donetsk.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCrise políticaEuropaPolíticosRússiaUcrâniaVladimir Putin

Mais de Mundo

Por que as inundações na Espanha deixaram tantos mortos?

Autoridades venezuelanas intensificam provocações ao governo Lula após veto no Brics

Projeto de energias renováveis no Deserto de Taclamacã recebe aporte bilionário da China

Claudia Sheinbaum confirma participação na Cúpula do G20 no Rio de Janeiro