Jean-Marie Le Pen: fala do veterano veio após o anúncio no qual Marine disse que planeja se afastar da administração cotidiana do partido de extrema-direita (Bertrand Langlois/AFP)
Reuters
Publicado em 25 de abril de 2017 às 08h45.
Paris - O veterano líder francês de extrema-direita Jean-Marie Le Pen disse nesta terça-feira que sua filha Marine, que enfrentará o político de centro Emmanuel Macron no segundo turno da eleição presidencial em 7 de maio, deveria ter feito uma campanha mais agressiva no primeiro turno, seguindo o exemplo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Com 7,5 milhões de votos, Marine Le Pen superou na votação de domingo o recorde eleitoral anterior da Frente Nacional, mas não conseguiu tomar o primeiro lugar do candidato pró-União Europeia Macron.
A intervenção de Jean-Marie veio na sequência do anúncio, na segunda-feira, no qual Marine disse que planeja se afastar da administração cotidiana do partido de extrema-direita fundado por seu pai antes da votação definitiva, e sinaliza o desentendimento mais recente dos dois a respeito da direção futura da sigla.
"Acho que a campanha dela foi muito contida. Se eu estivesse em seu lugar teria feito uma campanha do tipo Trump, mais aberta, muito agressiva contra os responsáveis pela decadência de nosso país, seja da esquerda ou da direita", disse Jean-Marie, de 88 anos, à rádio RTL.
Pai e filha vivem desentendimentos desde que Marine Le Pen adotou medidas para livrar a Frente Nacional das associações xenofóbicas na véspera para a corrida presidencial de 2017.
Jean-Marie chocou o mundo em 2002 ao avançar para o segundo turno da eleição para a Presidência da França, mas perdeu por larga margem para o conservador Jacques Chirac.
Ele foi acusado muitas vezes de fazer comentários xenófobos e antissemitas, e sua filha o expulsou do partido em 2015 -- mas, na condição de fundador da legenda, ele continua sendo uma figura conhecida e representa a opinião de uma parcela do partido.
A decisão de Marine Le Pen de se afastar do comando do partido pareceu uma tentativa de se reposicionar como alguém acima do mundo estreito da política da Frente Nacional e ampliar seu apelo ao eleitorado como um todo antes da votação final de maio.
Seu programa de governo defende cortes profundos na imigração e nos direitos de imigrantes que vivem na França, além da expulsão de estrangeiros suspeitos de ligações com militantes islâmicos.