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O que esperar da cúpula dos Brics que começa nesta terça na Rússia

A sigla Bric foi cunhada em 2001 pelo então economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O'Neill

No encontro, Putin deve destacar a importância dos países não alinhados ao Ocidente (Valery Sharifulin/AFP)

No encontro, Putin deve destacar a importância dos países não alinhados ao Ocidente (Valery Sharifulin/AFP)

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Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 22 de outubro de 2024 às 06h05.

Última atualização em 22 de outubro de 2024 às 07h44.

A Cúpula dos Brics começa nesta terça, 22, em Kazan, com a anfitriã Rússia querendo mostrar o aumento da influência de países não alinhados ao Ocidente. Por outro lado, parceiros de Moscou como China, Índia, Brasil e nações do mundo árabe gostariam de sair do encontro com ao menos um esboço para trilhar um caminho para acabar com a guerra na Ucrânia.

Com sua recente ampliação, os Brics respondem agora por 45% da população mundial e 35% da economia do planeta - só Pequim é responsável por mais da metade desse poder econômico.

Vladimir Putin, que é considerado um criminoso de guerra pelo Ocidente, disse a repórteres de países dos Brics que "o grupo não se opõe a ninguém" e que a mudança nos motores do crescimento global era simplesmente um fato.

"Esta é uma associação de estados que trabalham juntos com base em valores comuns, uma visão comum de desenvolvimento e, mais importante, o princípio de levar em conta os interesses uns dos outros", disse ele em fala reproduzida pela Reuters.

Momento tenso

A cúpula do Brics acontece enquanto os líderes globais se reúnem em Washington em meio à guerra no Oriente Médio e na Ucrânia. O momento também traz uma economia chinesa ainda em ritmo lento na visão de analistas e preocupações de que a eleição presidencial dos EUA possa desencadear novas batalhas comerciais.

Putin, que iniciou a guerra na Ucrânia em 2022 após oito anos de combates no leste do país, foi questionado diversas vezes por repórteres do Brics sobre as perspectivas de um cessar-fogo na Ucrânia. O presidente russo deixou claro que não desistirá das partes que conquistou do país vizinho.

Com isso, Putin deixou claro não negociaria as quatro regiões do leste da Ucrânia que diz serem agora parte da Rússia, embora partes delas permaneçam fora de seu controle

De acordo com a Reuters, duas fontes russas disseram que, embora houvesse cada vez mais conversas em Moscou sobre um possível acordo de cessar-fogo, não havia nada concreto ainda - e que o mundo estava aguardando o resultado da eleição presidencial de 5 de novembro nos Estados Unidos para saber quais seriam os próximos passos nas negociações.

A Rússia controla cerca de 20% da Ucrânia, incluindo a Crimeia, que tomou e anexou unilateralmente em 2014, cerca de 80% do Donbass - uma zona de carvão e aço que compreende as regiões de Donetsk e Luhansk - e mais de 70% das regiões de Zaporizhzhia e Kherson.

Quem vai estar lá

O presidente chinês Xi Jinping e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi comparecerão. Já o presidente Lula teve que cancelar o compromisso de última hora após sofrer um acidente doméstico.

Putin elogiou tanto o Sheikh Mohammed quanto o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, que não comparecerão à cúpula em Kazan, por seus esforços de mediação sobre a Ucrânia.

Os Brics

A sigla Bric foi cunhada em 2001 pelo então economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O'Neill, em um artigo de pesquisa que destacou o enorme potencial de crescimento do Brasil, Rússia, Índia e China neste século.

Rússia, Índia e China começaram a se reunir formalmente, adicionando eventualmente o Brasil, depois África do Sul, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos. A Arábia Saudita ainda não se juntou oficialmente.

A participação do grupo no PIB global deve aumentar para 37% até o final desta década, enquanto a participação do G7 cairá para cerca de 28% de 30% este ano, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional.

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