Guerra em Israel: ataques do Hamas começaram em 7 de outubro no sul do país (Agence France-Presse/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 28 de dezembro de 2023 às 07h11.
As forças israelenses intensificaram nesta quinta-feira, 28, os ataques contra a principal cidade do sul e outras áreas do centro da Faixa de Gaza, depois que o Ministério da Saúde do território palestino anunciou que mais de 21.000 pessoas morreram em 11 semanas de guerra.
Os bombardeios contínuos e a expansão das operações acontecem no momento em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a população de Gaza está em "grave perigo". O presidente da França, Emmanuel Macron, fez um apelo para que Israel aceite um cessar-fogo de longo prazo.
O porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, afirmou na quarta-feira que os ataques contra um campo de refugiados no centro de Gaza entraram no terceiro dia e que uma brigada adicional foi enviada à cidade de Khan Yunis, no sul do território e que virou um recente foco de combates urbanos.
Ele também insinuou uma possível "expansão dos combates no norte", na fronteira com o Líbano, cenário de trocas de tiros constantes entre as forças israelenses e o movimento islamista Hezbollah desde o início da guerra.
O comandante do Exército israelense, Herzi Halevi, afirmou que a instituição aprovou "planos para várias contingências. Devemos estar preparados para atacar quando for necessário".
A pressão por uma trégua aumentou na quarta-feira, quando Macron insistiu, em uma conversa telefônica com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na "necessidade de trabalhar para alcançar um cessar-fogo duradouro".
Ele também expressou uma "profunda preocupação" com o número de civis mortos em Gaza, informou seu gabinete em um comunicado.
Desde que Israel impôs o cerco ao território no início da guerra, os moradores de Gaza enfrentam a escassez de comida, água, combustível e medicamentos.
O direto-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, também pediu uma trégua e afirmou que a comunidade internacional deve "adotar passos urgentes para aliviar o grave perigo que a população de Gaza enfrenta, que coloca em risco a capacidade dos trabalhadores humanitários de ajudar as pessoas com ferimentos graves, fome e que estão expostas a doenças".
Em um comunicado, a OMS afirmou que seus funcionários relataram que "pessoas com fome novamente interromperam nossos comboios com a esperança de encontrar comida".
Israel prometeu manter a campanha para destruir o Hamas como resposta ao ataque de 7 de outubro do movimento islamista, que deixou quase de 1.140 mortos em território israelense, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em informações divulgadas pelas autoridades do país.
O movimento palestino também sequestrou quase 250 pessoas, das quais 129 continuam como reféns.
A campanha implacável de Israel, com bombardeios e uma ofensiva terrestre, matou pelo menos 21.110 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
Um total de 167 soldados israelenses morreram desde o início das operações terrestres, no fim de outubro.
Segundo a ONU, 1,9 milhão de moradores de Gaza estão deslocados.
Uma delas, Iman al-Masry, deu à luz recentemente a quadrigêmeos em um hospital no sul de Gaza, depois de fugir da casa da família no norte do território, uma área devastada pela guerra.
A viagem "afetou minha gravidez", declarou a mulher de 28 anos, que teve dois meninos e duas meninas em um parto cesárea.
Ela precisou desocupar rapidamente o leito no hospital para dar espaço a outros pacientes, mas deixou um dos filhos no hospital porque ele estava com a saúde muito frágil para receber alta.
"Estão muito magro", afirmou sobre os filhos em um abrigo improvisado em Deir al Balah.
"Com a falta de leite em pó para bebês, tento amamentá-los, mas não há nada nutritivo que eu possa comer para amamentar três bebês", lamentou.
No campo de refugiados de Al Maghazi, uma escola da ONU transformada em abrigo foi atingida por um bombardeio.
"Eles dizem que existem zonas verdes e zonas com outras cores. São apenas boatos, não há zonas seguras em Gaza", declarou à AFP um homem no território que não revelou seu nome.
A guerra aumentou o temor de um conflito regional, com ataques frequentes entre Israel e o Hezbollah na fronteira com o Líbano, assim como os ataques dos rebeldes huthis do Iêmen contra navios no Mar Vermelho, em solidariedade com o Hamas.
Todos os grupos são apoiados pelo Irã.
A Guarda Revolucionária do Irã advertiu Israel que Teerã e seus aliados adotarão uma "ação direta" para vingar a morte do comandante Razi Moussavi, que aconteceu na segunda-feira em um ataque com mísseis na Síria atribuído às forças israelenses, que negam qualquer envolvimento.
Milhares de pessoas compareceram nesta quinta-feira ao funeral de Moussav em Teerã. Ele era comandante da Força Qods, setor de operações no exterior e unidade de elite da Guarda Revolucionária, o exército ideológico do Irã.
A violência também explodiu na Cisjordânia ocupada, com mais de 310 palestinos mortos por soldados ou colonos israelenses desde 7 de outubro, segundo o Ministério palestino da Saúde.
Uma operação israelense em um campo de refugiados no norte da Cisjordânia matou seis pessoas na quarta-feira, informou o ministério.