Iraque: Mossul é o principal alvo da campanha para recuperar o controle dos territórios conquistados pelo EI a partir de 2014 (Stringer / Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2016 às 12h35.
O Iraque anunciou nesta quinta-feira que lançou uma ofensiva para reconquistar Mossul, em poder do grupo Estado Islâmico (EI), uma batalha que se anuncia longa e difícil.
Mossul é o principal alvo da campanha para recuperar o controle dos territórios conquistados pelo EI a partir de 2014.
O exército e seus aliados "deram início a primeira fase das operações de conquista" na província de Nínive, informou em um comunicado o comando iraquiano das operações conjuntas.
Várias localidades situadas a cerca de 60 km de Mossul já foram "libertadas", acrescenta o comunicado.
A operação é realizada pelo exército e as unidades de mobilização popular (coalizão de milícias principalmente xiitas), com o apoio da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.
Mossul, 350 km ao norte de Bagdá, tornou-se a capital do EI no Iraque, depois que foi tomada em junho de 2014.
As autoridades anunciaram em várias ocasiões o lançamento iminente da ofensiva para recuperar o controle da cidade, que acabou sendo adiado repetidamente.
No final de 2015, o primeiro-ministro Haider al-Abadi comprometeu-se a livrar o país do EI ainda no ano de 2016. Ele acrescentou que o "golpe final" seria a libertação de Mossul.
As operações de reconquista desta cidade permitiram recuperar o controle das cidades de Tikrit, ao norte de Bagdá, em março de 2015, e de Ramadi (oeste), em dezembro.
Tranquilizar a população
A reconquista da província de Nínive e da cidade de Mossul se anuncia longa e complexa, segundo os especialistas, porque trata-se de uma vasta região onde se concentra a maior parte das forças do EI.
Inicialmente, parte da população de Mossul, majoritariamente sunita, sentiu-se aliviada com a chegada dos extremistas, que provocou a fuga dos policiais xiitas acusados de cometer abusos.
Mas não tardou para a população local se ver atemorizada pelos extremistas, que multiplicaram as decapitações públicas, apedrejamentos e crucificações.
As pessoas "têm medo do Daesh, mas também daqueles que virão para libertar Mossul", afirmou à AFP Salim al-Jubouri, presidente do parlamento e dignitário sunita, usando o acrônimo em árabe que designa o grupo terrorista.
Em fevereiro, o exército iraquiano instalou na base de Makhmour uma estação de rádio chamada "As-Sanduq" para manter as pessoas informadas sobre os combates e a situação no terreno.
"O objetivo é tranquilizar as pessoas, dizer que estarão livres do Daesh", segundo o sargento Salem Mahmoud, responsável pela operação da estação de rádio.
Na luta contra o EI no norte do Iraque também estão ativamente envolvidos os combatentes peshmergas curdos da região autônoma do Curdistão.
Um líder peshmerga, Araz Mirkhan, informou à AFP que "as forças iraquianas de Makhmour começaram a se mover em direção a Al-Qayara, ao sul da cidade de Mossul".
"O avanço permitiu libertar quatro ou cinco povoados nas mãos dos terroristas do Daesh", acrescentou.
O EI, que reivindicou os atentados de terça-feira em Bruxelas (31 mortos e 300 feridos), também controla várias zonas na Síria. Entre elas a cidade de Palmira (centro), na qual entraram nesta quinta-feira as forças pró-regime, apoiadas pela aviação russa.