Ahmadinejad visita central nuclear em Teerã: ele declarou que o Irã aumentou em 50% o número de centrífugas de primeira geração em funcionamento (AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2012 às 13h47.
Teerã - O Irã expressou nesta quinta-feira o desejo de retomar as negociações com as potências do grupo 5+1, depois de anunciar na véspera uma série de avanços importantes em seu programa nuclear, o que, segundo a imprensa iraniana, reforça a postura de Teerã visando as conversações.
"Sempre recebemos favoravelmente o princípio de negociações e pensamos que, com um enfoque positivo e um espírito de cooperação, podemos fazer progressos", declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast.
O chefe dos negociadores nucleares iranianos, Said Jalili, respondeu a uma carta enviada em outubro pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, representante do grupo 5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Alemania), sobre a possibilidade de reinício das negociações.
As últimas conversações aconteceram em janeiro de 2011 em Istambul, Turquia.
O Irã parece ter esperado o anúncio de seus avanços nucleares para dar sua resposta a Ashton.
O presidente Mahmud Ahmadinejad e outros dirigentes iranianos repetiram que o Irã obteve progressos, apesar de todas as pressões e sanções internacionais.
"Negociar em posição de força": esta é a manchete do jornal oficial iraniano.
O Irã anunciou na quarta-feira que conseguiu produzir o próprio combustível nuclear a 20% para seu reator de pesquisas, depois que várias autoridades e especialistas nucleares ocidentais afirmaram que o país não possuía as capacidades tecnológicas.
Da mesma forma, Ahmadinejad declarou que o Irã aumentou em 50% o número de centrífugas de primeira geração em funcionamento, passando de 6.000 a 9.000.
Também anunciou que os cientistas iranianos fabricaram uma nova centrífuga, de quarta geração, três vezes mais potente que as existentes.
Os anúncios demonstraram a vontade e determinação de Teerã de prosseguir com o programa nuclear, apesar das sanções ocidentais, em particular sobre o petróleo.
Israel e Estados Unidos, que suspeitam que o Irã deseja fabricar armamento atômico, apesar dos desmentidos, afirmaram em várias ocasiões que não descartam o uso da força contra a república islâmica.
O ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, afirmou nesta quinta-feira que o Irã exagera seu êxito.
"Os iranianos continuam avançando, mas o que foi apresentado ontem foi um espetáculo. Há várias coisas que foram apresentadas de forma exagerada, em parte para dissuadir o mundo de interferir com eles".
"Os iranianos querem dar a impressão de que superaram o ponto de não retorno, o que não é verdade", disse Barak.
"Francamente, não vemos nada de novo", declarou uma fonte do Departamento de Estado americano.
A Rússia pediu ao Irã uma cooperação maior com Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
"O mais importante é que tudo o que foi anunciado e feito no setor nuclear permaneça sob controle total da AIEA", declarou o chanceler russo Serguei Lavrov.
Moscou também defendeu a retomada rápida das negociações entre o Irã e as grandes potências, além de ter afirmado que as sanções não têm efeito sobre Teerã.
Uma nova delegação de alto nível da AIEA deve ter novas reuniões na segunda-feira no Irã para questionar as ambiguidades e responder as perguntas sobre uma possível dimensão militar das atividades nucleares.