Chefe de política externa da UE, Catherine Ashton, conversa com o chanceler iraniano, Javad Zarif, antes de negociações nucleares a portas fechadas na sede da ONU em Genebra (Fabrice Coffrini/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2013 às 19h45.
Genebra - O Irã apresentou nesta terça-feira às potências mundiais uma proposta destinada a resolver uma década de impasse a respeito de seu programa nuclear, mas os envolvidos nas negociações de Genebra disseram ser cedo demais para considerar que um acordo seria iminente.
O Irã tem demonstrado disposição em se aproximar de seus adversários e seus delegados mantiveram uma rara reunião bilateral com uma delegação dos Estados Unidos, em um encontro descrito como "útil" por uma autoridade norte-americana.
A República Islâmica aceitou retomar o diálogo com EUA, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha, dois meses depois de o presidente Hassan Rouhani tomar posse prometendo conciliação em vez de confronto com o resto do mundo.
Após anos de desafio, o Irã parece ávido por uma solução negociada que leve ao fim das sanções que prejudicam sua economia, por terem eliminado 60 por cento do faturamento com as exportações de petróleo e provocado uma forte desvalorização do rial, a moeda local.
Mas Teerã ainda não deu indicações de até onde estaria disposto a ir para atender às exigências das seis potências a respeito da redução das suas atividades nucleares. O Ocidente suspeita que o Irã esteja tentando desenvolver armas atômicas, o que Teerã nega, insistindo no caráter pacífico das suas atividades.
Um porta-voz de Catherine Ashton, chefe da política externa da União Europeia e principal representante das seis potências nas negociações, disse que a apresentação iraniana foi "muito útil", mas que ainda há "uma terrível quantidade de trabalho a ser feita".
"Ainda há um longo caminho a percorrer", disse o porta-voz Michael Mann a jornalistas após os dois primeiros dias de negociações em Genebra. As potências mundiais, afirmou ele, querem que o Irã apresente mais detalhes da proposta na quarta-feira.
Em Washington, a Casa Branca alertou que as discussões são complexas e técnicas e que dificilmente a diplomacia oferecerá resultados rápidos.
A conversa entre o vice-chanceler do Irã, Abbas Araqchi, e a vice-secretária de Estado norte-americana, Wendy Sherman, foi o terceiro contato bilateral entre os dois países desde a eleição de Rouhani, em junho.
No mês passado, Rouhani conversou por telefone com o presidente dos EUA, Barack Obama, no primeiro contato entre presidentes dos dois países desde o rompimento das relações bilaterais, em 1979.