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Hezbollah mantém capacidade de revidar ataques de Israel e mostra resiliência no conflito

Disparo de foguetes do grupo xiita aumentou nas últimas semanas, com 200 lançamentos por dia somente no último fim de semana

Uma nuvem de fumaça irrompe após um ataque aéreo israelense nos subúrbios ao sul de Beirute em 19 de outubro de 2024. Israel expandiu as operações no Líbano quase um ano depois que o Hezbollah começou a trocar tiros em apoio ao seu aliado, o Hamas, após o ataque mortal do grupo palestino a Israel em outubro 7 de outubro de 2023. (AFP/Reprodução)

Uma nuvem de fumaça irrompe após um ataque aéreo israelense nos subúrbios ao sul de Beirute em 19 de outubro de 2024. Israel expandiu as operações no Líbano quase um ano depois que o Hezbollah começou a trocar tiros em apoio ao seu aliado, o Hamas, após o ataque mortal do grupo palestino a Israel em outubro 7 de outubro de 2023. (AFP/Reprodução)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 25 de outubro de 2024 às 06h59.

Última atualização em 25 de outubro de 2024 às 07h11.

Após ataques aéreos israelenses que enfraqueceram suas forças e eliminaram nomes importantes de seu comando, incluindo o líder Hassan Nasrallah, o Hezbollah intensificou suas ações militares, lançando emboscadas contra tropas de Israel no Líbano e intensificando ataques com drones e mísseis no território vizinho. Os ataques demonstram que o grupo xiita libanês ainda tem capacidade de transformar o conflito em um desafio prolongado para Israel, atingindo alvos mais profundos no país e forçando o deslocamento de civis na fronteira.

Após o início da ofensiva israelense, sobretudo no sul do Líbano, no fim de setembro, o Hezbollah já conseguiu realizar ataques a locais centrais de Israel, incluindo a residência do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Nesta quinta-feira, cinco soldados israelenses morreram em combate no sul do Líbano. Outro ataque dias antes matou quatro soldados de Israel em uma base de uma unidade de elite do Exército israelense. Desde o início da ofensiva terrestre de Israel no território libanês, 27 soldados israelenses foram mortos no país, segundo um balanço da AFP.

Segundo o Wall Street Journal, os disparos do Hezbollah também aumentaram nas últimas semanas, com o grupo lançando 200 foguetes e projéteis por dia somente no último fim de semana, de acordo com dados do Exército israelense. Nas semanas anteriores, a média era de apenas algumas dezenas por dia. Embora causem poucos danos materiais e baixas, os ataques exigem de Israel uma despesa muito mais significativa para interceptá-los: segundo militares israelenses, o custo é de cerca de US$ 100 mil por drone e até "vários milhões de dólares" para cada míssil derrubado.

Adaptação e Continuidade das Operações

Além disso, os ataques estão sendo lançados com certa regularidade, sugerindo que o grupo tem uma capacidade alta de adaptação, mesmo sob pressão. Isso porque a estrutura autônoma de suas unidades armadas ajuda a garantir a continuidade das operações, mesmo quando seus líderes são eliminados. No final de setembro, o Exército israelense afirmou ter destruído cerca de 50% do estoque de mísseis do Hezbollah, estimado em 150 mil unidades antes da guerra. O grupo não divulgou uma estimativa de suas perdas de armamento desde então. Porém, analistas e diplomatas consultados pelo WSJ acreditam que o Hezbollah ainda tem capacidade de importar armas, principalmente através da Síria.

“É um grupo adaptável. Muito inteligente. Muito determinado. Estão dispostos a sofrer perdas. Eu nunca subestimaria o Hezbollah, mas acho que eles foram atingidos com muita força”, disse ao WSJ Daniel Byman, pesquisador sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington e ex-oficial do governo dos EUA.

Estratégia de Guerrilha

Há outro fator importante no desafio de Israel: a longa experiência do Hezbollah em combate no território libanês, especialmente se suas forças forem enviadas para operações terrestres mais profundas no Líbano. Analistas acreditam que o grupo usará seu conhecimento do terreno, bastante acidentado e montanhoso, e sua estratégia de guerrilha para manter posições e dificultar uma ofensiva israelense, aumentando o risco de um conflito mais prolongado.

“O Hezbollah ainda tem sua estratégia central, que é manter seu território no sul diante de qualquer tipo de ofensiva terrestre israelense, incursão ou avanço”, disse ao WSJ Rym Momtaz, analista de segurança do Carnegie Europe. “É o território do Hezbollah. Eles conhecem cada canto e fenda, e vão usar essa vantagem”.

Depois de enfraquecer o Hamas em sua ofensiva na Faixa de Gaza, iniciada após o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, o Exército israelense transferiu em setembro a maior parte das suas operações para o Líbano para combater o Hezbollah, que diz agir em apoio aos palestinos. Israel, por sua vez, afirma querer afastar os combatentes xiitas de suas zonas fronteiriças, reduzir as hostilidades e permitir que cerca de 60 mil habitantes que fugiram da violência no norte voltem para casa.

Desde então, o Líbano tem sido alvo de múltiplos ataques israelenses, numa ofensiva considerada a mais intensa fora de Gaza nos últimos 20 anos, segundo o grupo de monitoramento de conflitos Airwars. A escalada também levou ao deslocamento em massa no Líbano, que já teve um terço de sua população deslocada.

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