Palestinos caminham entre os escombors de prédio atingido por bombardeio israelense na Faixa de Gaza (Agence France-Presse/AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 27 de dezembro de 2023 às 07h55.
Última atualização em 27 de dezembro de 2023 às 08h09.
O comandante do Exército de Israel advertiu que a guerra contra o Hamas vai durar muitos meses, no momento em que as tropas do país intensificam os bombardeios na Faixa de Gaza, onde mais de 20.900 pessoas morreram desde o início da ofensiva, segundo o movimento islamista.
A preocupação com o agravamento da crise humanitária aumentou os apelos por um cessar-fogo, ao mesmo tempo que os incidentes vinculados a grupos apoiados pelo Irã, que efetuam ataques em solidariedade com o Hamas, provocam temores de uma propagação do conflito por toda a região do Oriente Médio.
O governo dos Estados Unidos anunciou na terça-feira que derrubou vários drones e mísseis no Mar Vermelho, lançados por rebeldes huthis no Iêmen.
As autoridades israelenses, no entanto, prometeram prosseguir com a ofensiva contra o Hamas.
O comandante do Exército do país, Herzi Halevi, afirmou na terça-feira à noite que "os objetivos desta guerra são essenciais e não são fáceis de alcançar".
"Portanto, a guerra continuará por muitos mais meses", acrescentou.
A guerra mais violenta de Gaza começou depois que combatentes do Hamas invadiram, no dia 7 de outubro, o território de Israel, onde assassinaram quase 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em informações divulgadas pelas autoridades israelenses. Entre os mortos estavam mais de 300 militares.
O Hamas também sequestrou quase 250 pessoas e 129 delas permanecem como reféns em Gaza, segundo Israel.
O governo israelense respondeu com bombardeios implacáveis e uma ofensiva terrestre, uma campanha que deixou pelo menos 20.915 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, território controlado pelo Hamas.
Com o cerco israelense, os 2,4 milhões de habitantes de Gaza enfrentam escassez de água, comida, combustível e medicamentos, coa a quantidade reduzida de ajuda que entra no território.
Quase 1,9 milhão de habitantes foram deslocados devido ao conflito, segundo a ONU.
Na cidade de Rafah, sul do território, onde muitos palestinos buscaram refúgio, centenas de pessoas compareceram com baldes e garrafas na terça-feira à sede da companhia de água Abdul Salam Yassin, onde entraram em uma fila para receber água potável.
"Esta era a carroça do meu pai", contou Amir al Zahhar, morador de Rafah. "Ele virou mártir durante a guerra. Usava a carroça para transportar e vender peixe, agora usamos para transportar água", acrescentou.
Uma mulher aproveitou o sol de terça-feira para lavar roupa com as mãos. "Implorei às pessoas por água. Não tenho absolutamente nada, peguei tudo emprestado dos outros, até os cobertores", contou à AFP.
O Conselho de Segurança da ONU pediu na semana passada, em uma resolução, o envio de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza com segurança e sem obstáculos.
O texto também pediu a nomeação de uma pessoa para o cargo de coordenador humanitário da ONU, que será responsável por supervisionar a ajuda para Gaza. Na terça-feira, Sigrid Kaag, ex-ministra das Finanças dos Países Baixos, foi nomeada para a função.
A resolução deixa sob controle de Israel a vigilância operacional do fornecimento de ajuda à Faixa de Gaza.
O porta-voz militar de Israel, Daniel Hagari, anunciou na terça-feira que as tropas combatem na área de Khan Yunis e que o Exército expandiu as operações para uma área chamada de "campos centrais".
As Forças de Segurança informaram que 161 soldados morreram desde o início da operação terrestre em Gaza, no dia 27 de outubro.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários afirmou que está "muito preocupado com os bombardeios contínuos no centro de Gaza pelas forças israelenses", em particular depois que o Exército pediu aos moradores que seguissem para as áreas sul e central do território.
A situação humanitária em Gaza foi tema de uma conversa na terça-feira entre o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, e o ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer.
Na reunião em Washington, os dois abordaram os passos que devem ser adotados para melhorar a situação humanitária em Gaza e minimizar os danos sofridos pelos civis, informou uma fonte do governo americano que pediu anonimato.
A violência também afeta a Cisjordânia ocupada, onde uma operação israelense em um campo de refugiados deixou seis mortos nesta quarta-feira, segundo o Ministério palestino da Saúde.
Mais de 300 palestinos morreram na Cisjordânia em ações de soldados ou colonos israelenses desde o início da guerra, segundo o ministério.
As consequências da guerra afetam o Oriente Médio, onde grupos armados apoiados pelo Irã, em oposição a Israel, intensificaram suas ações.
Forças americanas derrubaram mais de 10 drones e vários mísseis lançados por rebeldes huthis do Iêmen, apoiados por Teerã, contra navios no Mar Vermelho, informou o Pentágono.
As Forças Armadas israelenses afirmaram que um de seus aviões interceptou "um alvo aéreo hostil" que seguia em direção ao território do país.
O canal de televisão egípcio Al-Qahera News informou que um dispositivo foi atingido a dois quilômetros da cidade costeira de Dahab, que fica a 125 quilômetros de Eilat, no extremo sul de Israel, o ponto mais próximo para um ataque a partir do Iêmen.
As tropas americanas também atacaram grupos pró-Irã no Iraque, acusados por vários ataques contra as forças internacionais.
Um míssil antitanque disparado pelo movimento libanês Hezbollah feriu nove soldados, segundo o Exército israelense. Dois combatentes do grupo apoiado pelo Irã morreram em confrontos.