Conquista ucraniana: "A bandeira ucraniana foi pendurada sobre Blagodatné", disse Valeriy Shershen, o porta-voz das unidades de defesa Frente Tavria (AFP/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 11 de junho de 2023 às 15h29.
O Exército ucraniano anunciou, neste domingo, 11, a conquista da localidade de Blagodatné, no sudeste do país, a primeira vitória que reivindica em sua ofensiva contra as tropas russas nesta parte da frente de batalha.
"Os gloriosos soldados da 68ª brigada (...) libertaram a localidade de Blagodatné", disseram as forças terrestres do Exército ucraniano no Facebook, junto com um vídeo, que mostra soldados segurando uma bandeira ucraniana em um prédio destruído.
Segundo o porta-voz das unidades de defesa da chamada Frente Tavria que participou da operação, Valeriy Shershen, os ucranianos capturaram dois soldados russos e combatentes separatistas pró-Rússia.
"A bandeira ucraniana foi pendurada sobre Blagodatné", acrescentou, referindo-se a um povoado que tinha menos de mil habitantes antes da guerra.
Este é o primeiro progresso anunciado em vários meses pelos ucranianos, descontando-se o informe de que conseguiram avançar pouco mais de 100 metros na periferia de Bakhmut, uma localidade do leste que concentrou os combates e que Moscou diz ter tomado em maio.
Blagodatné fica na fronteira entre as regiões de Donetsk e Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, onde Moscou relata, há quase uma semana, importantes assaltos ucranianos.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, informou no sábado (10) que seu Exército estava realizando uma "ação contraofensiva" no "front", sem especificar se já se trata do grande ataque que o Estado-Maior de Kiev vem preparando há meses.
"Temos que confiar nos nossos militares e eu confio neles", afirmou.
Na sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que a grande contraofensiva ucraniana já havia começado. Ao mesmo tempo, Putin declarou que o Exército ucraniano não alcançou "seu objetivo" e sofreu perdas significativas, mas que Kiev ainda tem "potencial ofensivo".
Ontem, o Ministério russo da Defesa divulgou um vídeo com blindados de fabricação ocidental destruídos na região oriental de Donetsk. Além disso, informou que a Ucrânia tentou atacar, sem sucesso, um de seus navios no Mar Negro, perto dos gasodutos que transportam hidrocarbonetos russos para a Turquia.
Segundo a Rússia, as seis embarcações não tripuladas enviadas pela Ucrânia foram destruídas, e o navio "Priazovie" não sofreu danos.
No sul da Ucrânia, continuaram as operações de retirada, devido às inundações causadas pela destruição da represa de Kakhovka em 6 de junho.
A Ucrânia acusa a Rússia de ter detonado explosivos nesse reservatório localizado no rio Dnieper, e Moscou rebate, responsabilizando Kiev por atacar a estrutura com artilharia.
Segundo um novo balanço do Ministério do Interior da Ucrânia, seis pessoas morreram nas inundações, e 35 estão desaparecidas, incluindo sete crianças, nos territórios controlados por Kiev.
Nas áreas ucranianas ocupadas pela Rússia, as autoridades nomeadas por Moscou informaram esta semana sobre oito mortos e 13 desaparecidos.
Em Kherson, a maior cidade próxima à represa de Kakhovka e capital regional, a água começou a baixar em alguns bairros, apesar da chuva, e continua a retirada de moradores de outras áreas urbanas, segundo jornalistas da AFP.
Os primeiros residentes que retornaram para suas casas puderam constatar a extensão dos danos.
Oleksiy Gesin entrou em sua loja no centro de Kherson pela primeira vez em seis dias. Com uma pá e botas de borracha, entrou na loja para remover os escombros. Esse comerciante de 60 anos contou que sofreu perdas "consideráveis".
"Na loja, a água chegou ao meu peito", disse Gesin à AFP, estimando que terá que descartar toda a mercadoria que ficou submersa.
O procurador-geral da Ucrânia, Andrii Kostin, e representantes do Tribunal Penal Internacional (TPI) visitaram as áreas inundadas, informou seu escritório.
"Esta é a pior catástrofe ambiental desde Chernobyl, por isso, estamos investigando-a não apenas como um crime de guerra, mas também como um ecocídio", afirmou Kostin em uma nota, referindo-se ao acidente da central nuclear em 1986.