OS embaixadores do Leste Europeu querem que o primeiro-ministro, Mark Rutte, se posicione sobre a questão (Rijksvoorlichtingsdienst via Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2012 às 14h19.
Haia, Holanda - Os embaixadores de dez países da Europa Central e do Leste enviaram cartas ao Parlamento holandês pedindo que 'a sociedade e os líderes políticos' rejeitem oficialmente a campanha contra imigrantes desses Estados feita na internet pelo partido de Geert Wilders.
A carta, divulgada nesta terça-feira, foi assinada por diplomatas da Bulgária, Estônia, Hungria, Lituânia, Letônia, Polônia, Romênia, Eslovênia, Eslováquia e República Tcheca.
'Expressamos nossa preocupação pelo lançamento desse site (...) no qual as pessoas podem fazer reclamações sobre atitudes de cidadãos do centro e do leste da Europa que vivem e trabalham na Holanda', manifestava a carta.
O documento termina com apelo destinado à classe política holandesa para que 'rejeite' a iniciativa do partido antimuçulmano PVV, cujo líder, Geert Wilders, afirmou que documento é 'um desperdício de papel'.
A carta diplomática, um recurso pouco frequente entre os embaixadores radicados em Haia, pressiona o primeiro-ministro Mark Rutte, que até o momento se negou a criticar a campanha organizada pelo seu principal aliado no Parlamento.
A Holanda é governada por uma coalizão em minoria de liberais e democratas-cristãos, que contam com o apoio dos antimuçulmanos no Parlamento para poder aprovar as leis iniciadas pelo Governo.
Na polêmica página, Wilders convida os holandeses a criticarem poloneses, romenos, búlgaros e a Europa Central e do Leste em geral. O político estimula a população a denunciar, por exemplo, casos de delinquência nas ruas e informar sobre as perdas de trabalhos para pessoas dessas nacionalidades.
Enquanto Wilders considera o site 'um sucesso', a página é duramente criticada dentro e fora do país.
Na Holanda, principalmente os partidos de esquerda, da oposição, condenaram a iniciativa do PVV, e os democratas-cristãos do Governo disseram que não concordam com as ideias desses parlamentares.
A Comissão Europeia censurou o site por incentivar 'a intolerância', disse na sexta-feira a responsável comunitária de Justiça, Viviane Reding.
A iniciativa do partido de Wilders 'preocupa' o Executivo europeu, conforme reconheceu pelo Twitter a comissária de Interior, Cecilia Malmström.
A porta-voz da Comissão Europeia, Pia Ahrenkilde, explicou nesta segunda que o colégio de comissários não deve tratar o assunto em sua reunião semanal, apesar de não descartar que algum membro possa solicitar isso.