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Eleição de Macri marca fim da era Kirchner na Argentina

Tanto as pesquisas de boca de urna como os primeiros dados oficiais das eleições argentinas apontam a vitória do opositor Mauricio Macri


	Macri: pesquisas de boca de urna e os primeiros dados oficiais apontam a vitória do candidato
 (Guillermo Viana/AFP)

Macri: pesquisas de boca de urna e os primeiros dados oficiais apontam a vitória do candidato (Guillermo Viana/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2015 às 20h35.

Brasília — Os simpatizantes de Mauricio Macri, candidato da oposição a presidência da Argentina, só esperaram o fechamento das urnas, as 18h (19h no horário de Brasília) de domingo (22), para comemorar a vitória.

O chefe de campanha de Mauricio Macri, candidato da oposição a Presidência da Argentina e seu futuro chefe de gabinete, Marcos Pena, anunciou, às 18h17 (19h17 em Brasília), ao divulgar “uma mensagem de alegria”, mas pediu paciência aos eleitores, até a apuração dos resultados, para cantar vitória.

“A Argentina já não será igual a partir desta noite”, disse Ernesto Sanz, presidente da União Cívica Radical (UCR) e aliado do partido conservador Proposta Republicana (PRO) de Macri, na aliança Cambiemos (Mudemos).  “A democracia argentina recuperou o equilíbrio e, mais tarde, veremos se recuperou a alternância”.

Essa eleição marcou o fim de 12 anos da era kirchnerista, marcadas por crescimento econômico, distribuição de renda e políticas de defesa dos direitos humanos – mas também pelo confronto com o Poder Judicial, a oposição e a imprensa nacional, os organismos financeiros internacionais e governos de países desenvolvidos – mas também países amigos, como o Uruguai.

A era kircherista foi inaugurada em 2003 por Nestor Kirchner. Ele foi o primeiro presidente eleito desde a crise de 2001,  a maior na recente história argentina, que resultou na queda de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, na moratória da divida externa e na renúncia do então presidente Fernando de La Rua (da UCR), dois anos antes de terminar o mandato.

Nas duas semanas seguintes, os argentinos tiveram cinco presidentes, todos eles do Partido Justicialista (Peronista) – o ultimo deles, Eduardo Duhalde, administrou a saída da crise e convocou eleições presidências e o vitorioso foi o candidato dele, Nestor Kirchner.

Apesar de ser do mesmo partido que Carlos Menem (que privatizou a economia nos anos 90 e atrelou o peso ao dólar, acabando com a hiperinflação, mas desencadeando a recessão), Kirchner adotou um modelo econômico diferente – graças, em parte à alta nos preços das commodities, exportadas pelo pais.

Sem créditos externos (a Argentina ficou fora do mercado financeiro internacional depois da moratória), ele saldou a divida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), para não depender do organismo internacional que sujeita seus empréstimos ao cumprimento de seus planos econômicos.

Nos quatro anos de governo de Kirchner, a economia argentina cresceu em média 8,5%. O governo renegociou a dívida com 93% dos credores e investiu em planos sociais para reduzir a pobreza (que na crise atingiu 60% da população). Outra bandeira kirchnerista foi a dos direitos humanos: Nestor Kirchner reabriu processos contra os responsáveis pelos crimes cometidos na ditadura (1976-1983), que duram ate hoje.

Mas a lua-de-mel com a população argentina terminou com a posse de Cristina Kirchner, mulher e sucessora de Nestor Kirchner. Ele morreu em 2010, um ano antes da reeleição de Cristina, no primeiro turno e com mais da metade dos votos.

Ela manteve a politica de distribuição de renda, mas não foi capaz de controlar a inflação (de dois dígitos anuais) e em 2011 impôs controles cambiais, limitando a compra de qualquer moeda estrangeira, para evitar a fuga de divisas do pais.

O novo presidente assume com um Banco Central com escassas reservas (US$ 26 bilhões). “Mas apenas US$ 4 bilhões desse total estão disponíveis para ser usados, se for necessário”, disse o economista Fausto Spotorno.

O novo presidente assume com o desafio de corrigir a economia que, desde 2012, não cresce ao ritmo “chinês” de mais de 8%. Outro problema é a divida externa: uma minoria (7%) dos credores externos não aceitou as propostas de renegociação do governo argentino.

Alguns desses credores (os chamados fundos abutres) compraram os papeis da dívida argentina a preços baixos e entraram na Justiça norte-americana para cobrar o devido, sem desconto.

Eles ganharam o processo e conseguiram impedir que o governo argentino pagasse a maioria dos credores, que aceitou a renegociação. Com isso, o país continua em moratória e sem acesso aos mercados financeiros internacionais.

O grande desafio do próximo presidente é conseguir o apoio politico necessário para reconciliar os argentinos, depois de doze anos de “kirchnerismo”, que dividiu o pais entre amigos e inimigos do governo.

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