Há dois meses, um representante do governo chinês esteve em Brasília para discutir parceria na África (Wilson Dias/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2010 às 09h13.
A presidente eleita Dilma Rousseff deverá aproveitar a reunião de cúpula do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) que ocorrerá na China em abril para realizar sua primeira visita oficial ao país. O assunto foi discutido ontem em Pequim, durante reunião da subcomissão política da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), principal mecanismo de discussão de temas bilaterais desde 2004.
A sugestão partiu do lado brasileiro. O Brasil foi representado pela subsecretária-geral de Ásia do Itamaraty, Maria Edileuza Fontenele Reis. No segundo semestre, é provável que o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, visite o Brasil, onde nunca esteve em caráter oficial.
A reunião de cúpula do Bric ocorrerá entre os dias 1º e 20 de abril. A data ainda não foi definida. Será o terceiro encontro dos líderes do grupo, que estiveram em cúpulas na Rússia e no Brasil.
Os chineses disseram à subsecretária brasileira que pretendem focar a reunião nas questões do crescimento econômico e da reforma dos organismos responsáveis pela governança global, o que inclui instituições financeiras multilaterais e o Conselho de Segurança das Organizações das Nações Unidas.
“Há um déficit de representatividade dos países emergentes nesses organismos que leva a um déficit de legitimidade”, afirmou a embaixadora. “O Bric se consolida cada vez mais como um fórum de cooperação entre os quatro países para discussão de temas globais.”
A embaixadora também analisou com autoridades chinesas a possibilidade de desenvolvimento de projetos conjuntos na África nos setores agrícolas, de biocombustíveis e de bioenergia. Segundo ela, o Brasil já fechou acordos de cooperação “tripartite” no continente com os Estados Unidos e a União Europeia.
Há dois meses, um representante do governo chinês esteve em Brasília para discutir a possibilidade de parceria na África. “A ideia é maximizar o impacto da presença dos dois países no continente”, disse Maria Edileuza.
A China é de longe o maior investidor estrangeiro na África e tem uma política agressiva de concessão de financiamentos para construção de obras de infraestrutura, que são realizadas por empresas chinesas. O Brasil também tem interesses econômicos no continente e enfrenta a concorrência chinesa em países como Angola, por exemplo. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.