Para Dilma, associar-se a um regime que apedreja mulheres e aprisiona opositores foi um “enorme erro” (Sergio Dutti/Veja)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2010 às 08h43.
Brasilia - A presidente eleita Dilma Rousseff deve rever a estratégia de aproximação do Brasil com o Irã, grande alvo de críticas da política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo interlocutores da petista, ela avalia que a atitude em relação a violações aos direitos humanos no Irã foi “equivocada” e “causou desgaste desnecessário”. Para Dilma, associar-se a um regime que apedreja mulheres e aprisiona opositores foi um “enorme erro”, dizem esses interlocutores.
O governo brasileiro reluta em condenar a sentença de apedrejamento da viúva Sakineh Ashtiani, acusada de adultério, e se abstém nas votações de resoluções da ONU contra essas práticas, e não condena a opressão a opositores. Um dos motivos para a não manutenção do chanceler Celso Amorim no cargo seria sua atuação no caso do Irã.
Seu desempenho nas negociações da Alca foi considerado um sucesso. Mas ele teria caído em desgraça por causa do Irã. Para fazer um recomeço, seria preciso ter um novo chanceler e Amorim ficou muito identificado com a iniciativa. Além disso, a química de Amorim com Dilma não seria das melhores - os dois tiveram algumas rusgas quando ela era ministra da Casa Civil.
Dilma já havia indicado que se opunha à atitude não intervencionista na questão iraniana. “Acho uma coisa muito bárbara o apedrejamento da Sakineh. Mesmo considerando usos e costumes de outros países, continua sendo bárbaro”, disse Dilma em entrevista no dia 3 de novembro.
Para assessores próximos da presidente, a percepção é de que a aproximação com o Irã pode ter custado ao presidente Lula o Nobel da Paz por seu avanço em reduzir a pobreza. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.