Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos (Jeenah Moon/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 16 de maio de 2024 às 16h00.
Última atualização em 16 de maio de 2024 às 16h10.
A defesa de Donald Trump espera desferir nesta quinta-feira, 16, um golpe definitivo na credibilidade de Michael Cohen, a testemunha-chave do julgamento criminal do ex-presidente, acusado de encobrir fraudulentamente um caso com uma ex-atriz pornô, para que este episódio não prejudicasse a sua primeira candidatura presidencial.
Os advogados de Trump tentam impedir que os jurados acreditem na versão de que Cohen violou a lei a mando do magnata.
Desde o início, a equipe de defesa tentou retratar Cohen como um ex-funcionário descontente em busca de vingança.
Trump, o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser processado na justiça criminal, reclama de que sua atual campanha para tentar retornar à Casa Branca está sendo prejudicada pelo julgamento.
O republicano tenta politizar cada vez mais o caso, que classifica como “interferência eleitoral” e “caça às bruxas".
Trump é acusado de 34 crimes de falsificação de registros contábeis para disfarçar e fazer passar como despesas legais o pagamento de US$ 130 mil (R$ 668 mil na cotação atual) à ex-atriz pornô Stormy Daniels na reta final das eleições de 2016, nas quais derrotou Hillary Clinton.
O advogado de Trump, Todd Blanche, continuou nesta quinta-feira com o interrogatório de Cohen, que era o homem de confiança do magnata.
Depois de um início agressivo, sua linha de questionamento pareceu entediar alguns jurados, que não conseguiram conter os bocejos ao final da sessão de terça-feira.
Nesta quinta-feira, Blanche parecia ter dificuldade em encontrar uma linha de interrogatório contundente, esmagado pelas constantes objeções do promotor.
Cohen, de 57 anos, conhecido por ter um temperamento explosivo que poderia prejudicá-lo no depoimento – seu testemunho durante o caso de fraude civil de Trump no ano passado foi caótico – tem sido contido até o momento ao responder às perguntas da defesa de Trump.
Seu relato se alinhou em geral com o de duas outras testemunhas importantes: Stormy Daniels, que afirma ter recebido o dinheiro, e David Pecker, ex-editor de imprensa que disse ter trabalhado com Trump e Cohen para suprimir a cobertura negativa durante a primeira campanha do republicano e comprar o silêncio de outros denunciantes.
A defesa tem sido ambígua sobre a possibilidade de Trump depor.
O empresário é famoso por se considerar seu melhor defensor, mas analistas acreditam que um testemunho pode ser negativo.
Quando a deliberação começar, semanas de depoimentos muitas vezes obscenos poderão permanecer nas mentes dos jurados, mas eles também terão pilhas de documentos para examinar.
Os personagens tornam o caso complexo, mas o júri terá de decidir por unanimidade se o magnata ordenou a falsificação de documentos e se o fez com a intenção de influenciar a votação presidencial de 2016.
Os promotores detalharam meticulosamente nesta semana os supostos crimes, detalhando a Cohen e ao júri a emissão de 11 cheques – a maioria assinada por Trump – em troca de faturas que o ex-advogado do republicano disse terem sido falsificadas para ocultar o reembolso do dinheiro pago secretamente a Daniels.
Cohen disse que fez os pagamentos "para garantir que a história não viria à tona, não afetaria as chances do Sr. Trump de se tornar presidente dos Estados Unidos" e o fez "em nome do Sr. Trump".
O ex-advogado de Trump passou 13 meses na prisão e mais um ano e meio em prisão domiciliar depois de se declarar culpado em 2018 por mentir ao Congresso e cometer crimes financeiros e eleitorais neste caso.
Durante o interrogatório, Cohen disse que Trump o tranquilizou depois que agentes do FBI invadiram seu quarto de hotel e seu escritório em abril de 2018 em busca de provas.
“Não se preocupe, tudo vai ficar bem, eu sou o presidente dos Estados Unidos”, teria dito Trump. “Fiquei calmo porque tinha o presidente dos Estados Unidos me protegendo”, acrescentou Cohen.