Papa: Francisco morreu aos 88 anos na madrugada desta segunda-feira (Tiziana FABI/AFP)
Redação Exame
Publicado em 21 de abril de 2025 às 14h03.
Última atualização em 21 de abril de 2025 às 14h04.
A morte do Papa Francisco nesta segunda-feira, 21, causou comoção entre autoridades e lideranças de todo o mundo, desde sua conterrânea e ex-presidente argentina Cristina Kirchner, passando pelo rei Charles III e pelo presidente russo, Vladimir Putin.
O pontífice morreu nesta segunda-feira, às 7h35 (2h35 em Brasília) em sua residência na Casa de Santa Marta, aos 88 anos, após mais de dois meses de problemas respiratórios que o mantiveram internado por 38 dias em Roma.
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O rei Charles III do Reino Unido, chefe supremo da Igreja da Inglaterra, prestou homenagem ao Papa Francisco, sobre o qual destacou o compromisso de cuidar do planeta e que será "lembrado por sua compaixão".
"Sua santidade será lembrada por sua compaixão, sua preocupação com a unidade da Igreja e seu compromisso incansável com as causas comuns de todas as pessoas de fé e com as pessoas de boa vontade que trabalham para o benefício dos outros", disse o monarca em comunicado.
Em uma recente viagem à Itália e ao Vaticano, o rei Charles e a Rainha Camilla tiveram a oportunidade de compartilhar um breve encontro com o Papa Francisco.
"A Rainha e eu nos lembramos com especial carinho dos encontros que tivemos com ele ao longo dos anos e ficamos muito emocionados por poder visitá-lo este mês", comentou.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou a morte e disse que o líder religioso "deixa um legado de fé, serviço e compaixão por todos, especialmente aqueles que estão à margem da vida e aqueles que estão encurralados no horror do conflito".
Guterres, que é católico praticante, escreveu uma longa mensagem na qual observou que, durante o pontificado de Francisco, a ONU "foi profundamente inspirada por seu compromisso com os objetivos e ideais de nossa organização".
O diplomata português também destacou o fato de que o Papa Francisco foi "um homem de fé para todas as religiões", conforme demonstrado por seu trabalho "com pessoas de todas as religiões e origens", referindo-se ao trabalho ecumênico e às mensagens conciliatórias em relação às demais religiões do mundo.
De todo o legado do Papa Francisco, Guterres destacou o compromisso com a luta contra as mudanças climáticas, porque "ele entendeu que proteger nossa casa comum é, em sua essência, uma missão profundamente moral e uma responsabilidade que pertence a cada pessoa".
Guterres também lembrou algumas palavras que o Papa Francisco disse certa vez para enfatizar que o futuro da humanidade não está apenas nos ombros de políticos, grandes líderes e corporações, "mas principalmente nos ombros das pessoas que reconhecem o outro como um 'você' e a si mesmas como parte de um 'nós'".
O chefe da ONU concluiu que este mundo em discórdia "seria um lugar muito melhor se seguíssemos seu exemplo de unidade e compreensão mútua em nossas próprias ações", e destacou "a vida e o exemplo extraordinários do Papa Francisco".
O ex-presidente americano Joe Biden expressou condolências nesta segunda-feira pela morte do Papa Francisco, que, segundo o político, era um pontífice "diferente de todos os que o precederam".
Em publicação na rede social X, Biden expressou a tristeza que ele e sua esposa, Jill, sentiram ao ouvir a notícia da morte do papa, que, segundo ele, será lembrado "como um dos líderes mais transcendentes de nosso tempo".
"Foi com grande tristeza que Jill e eu soubemos do falecimento de Sua Santidade o Papa Francisco. Ele era diferente de todos os que o precederam. O Papa Francisco será lembrado como um dos líderes mais importantes do nosso tempo, e eu me sinto ainda melhor por tê-lo conhecido", afirmou Biden.
O ex-presidente boliviano Evo Morales lamentou a morte do papa Francisco, o qual destacou como um defensor "dos direitos humanos, dos valores espirituais, do humanismo e, acima de tudo, da justiça".
"Tive a sorte de estar com ele em várias ocasiões e de receber seus sábios conselhos. Ele representava os pobres, os humildes e os esquecidos", disse o político nas redes sociais.
Morales enviou suas condolências à Igreja Católica pela morte do homem que ele descreveu como um "grande ser humano".
"Irmão Francisco, vamos sentir sua falta", escreveu Morales, que recebeu o pontífice em sua única visita às regiões bolivianas de Santa Cruz e La Paz, em 2015, quando era presidente do país andino.
Em Santa Cruz, o líder religioso visitou a prisão de segurança máxima de Palmasola e pediu a seus administradores que abandonassem "a lógica de bandidos e mocinhos".
Durante a estada no país, o papa pediu perdão pelos pecados da Igreja e pelos crimes cometidos contra os povos indígenas durante a colonização.
A ex-presidente argentina Cristina Kirchner expressou nesta segunda-feira sua "tristeza infinita" pela morte do papa Francisco, o primeiro pontífice argentino, sobre quem disse ser “o rosto de uma Igreja mais humana".
"Foi o rosto de uma Igreja mais humana, com os pés no chão e os olhos no céu. Sentiremos sua falta, Francisco; a tristeza que sentimos é infinita", escreveu Cristina em seu perfil na rede social X.
A ex-presidente argentina lembrou de ter conhecido o papa pessoalmente em 2013, quando lhe disse que, assim como ocorreu com Megafón (personagem do livro “Megafón, o la guerra”), ele enfrentaria batalhas celestiais.
"Ele riu muito e me disse: 'É meu livro favorito. Eu adoro Marechal’. Concordamos que ‘Megafón, o la guerra’, uma obra marcante de Leopoldo Marechal, era um dos nossos romances favoritos", contou a ex-presidente.
O livro mencionado por Cristina trata dos eventos ocorridos na Argentina em junho de 1956, quando foram fuzilados vários peronistas que haviam participado do levante contra o governo que havia derrubado Juan Domingo Perón.
'Megafón, o la guerra' é um romance de tom épico que narra as aventuras de um personagem que inicia uma luta contra a ditadura e a perseguição ao peronismo, que esteve proibido na Argentina entre 1955 e 1973, quando Perón retornou do exílio e retomou o poder.
"Foi a primeira vez que me encontrei com ele como Papa", comentou a ex-presidente, expressando suas condolências pela morte do homem que também serviu como arcebispo de Buenos Aires.
Cristina Kirchner se encontrou com o Papa em pelo menos sete ocasiões, mais do que qualquer outro chefe de Estado argentino.
O primeiro encontro entre eles aconteceu em 2013, quando Jorge Bergoglio foi ungido papa, recebendo de presente um mate e um poncho de Catamarca. Posteriormente, Cristina encontrou-se com Francisco na Santa Sé, no Brasil, em Cuba e no Paraguai, mas nunca na Argentina, uma vez que o Sumo Pontífice não viajou ao seu país após sua chegada ao Vaticano.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, que enviou nesta segunda-feira uma mensagem de condolências pela morte do papa Francisco, afirmou que não esquecerá que o pontífice sempre teve uma atitude positiva em relação ao país.
"Este homem, insisto, tinha uma atitude amplamente positiva em relação à Rússia. E não esqueceremos isso", declarou o presidente russo a repórteres.
Putin enfatizou que isso é algo que pode dizer "com confiança", pois se encontrou com Francisco em três ocasiões e que mantiveram contato por vários canais.
"Receba as mais sinceras condolências pelo falecimento de sua santidade o Papa Francisco", escreveu Putin em uma mensagem ao camerlengo da Igreja Católica, o cardeal Kevin Joseph Farrell, publicada no site do Kremlin.
O presidente russo enfatizou que "o papa Francisco gozava de grande autoridade internacional como fiel servidor dos ensinamentos cristãos, sábio religioso e estadista, e defensor consistente dos elevados valores do humanismo e da justiça".
Ao longo de seu pontificado, acrescentou Putin, o Papa Francisco "contribuiu ativamente para o desenvolvimento do diálogo entre a Igreja Ortodoxa russa e a Igreja Católica, e da interação construtiva entre a Rússia e a Santa Sé".
"Tive a oportunidade de me reunir várias vezes com essa pessoa extraordinária e guardarei para sempre sua memória", declarou o presidente russo, que se encontrou com Francisco em 2013, 2015 e 2019.
Putin também transmitiu ao camerlengo e a todo o clero católico "palavras de condolências e apoio nestas horas dolorosas".
"Eles tinham grande respeito mútuo", afirmou o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, em uma coletiva de imprensa hoje, ao falar do relacionamento de Putin com o falecido pontífice.
O líder venezuelano, Nicolás Maduro, expressou sua "profunda tristeza" pelo falecimento e descreveu o Papa como um "líder espiritual transformador" que "não hesitou em perturbar os poderosos com a verdade do Evangelho".
Em nota, Maduro afirmou que Francisco também foi um "pastor do mundo, irmão do Sul e firme defensor da Justiça, da paz e dos mais humildes", cuja "voz clara e corajosa denunciou as desigualdades do sistema dominante e pediu a construção de um mundo mais humano, justo e profundamente solidário".
"A partir de sua identidade latino-americana, promoveu uma Igreja comprometida com as causas dos pobres, com a proteção da Mãe Terra e com o diálogo entre culturas e religiões", observou.
Maduro, que foi recebido por Francisco em uma audiência privada no Vaticano em outubro de 2016, afirmou que seu país "sempre se lembrará dele como um amigo sincero" e "como o papa que impulsionou com determinação a canonização do Dr. José Gregorio Hernández, um símbolo da fé do povo venezuelano".
"Pedimos a ele, juntamente com madre Carmen Rendiles (cuja canonização o papa também aprovou recentemente), que seja acolhido na glória de Deus. Neste momento de contemplação espiritual, o povo venezuelano se une em oração, celebrando o legado luminoso de Francisco: seu amor ao próximo, sua fé comprometida e seu testemunho à humanidade", acrescentou.
Com informações da agência EFE