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De Putin a Erdogan: política externa de Trump é trunfo democrata?

Decisão do presidente de abandonar os aliados curdos na Síria, abrindo caminho para Rússia e Turquia, foi criticada por pré-candidatos em debate da oposição

Donald Trump: inconstância de sua política externa e falta de efetividade de sua visão mercantilista do mundo foram temas centrais no debate democrata de ontem, em Ohio (Leah Millis/Reuters)

Donald Trump: inconstância de sua política externa e falta de efetividade de sua visão mercantilista do mundo foram temas centrais no debate democrata de ontem, em Ohio (Leah Millis/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2019 às 06h59.

Última atualização em 16 de outubro de 2019 às 07h08.

São Paulo — A julgar pelo debate democrata na noite desta terça-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, será mais uma vez protagonista das eleições americanas de 2020. De 2016 para cá, seu nome esteve envolvido em uma série de acusações de manipulação eleitoral em prol de Donald Trump. Agora, as atenções devem se concentrar na crescente influência russa no Oriente Médio.

Forças militares da Rússia começaram a patrulhar nesta terça-feira o norte da Síria após o abandono destrambelhado de tropas americanas por decisão unilateral de Trump. A saída deu a Putin uma oportunidade de ouro de ampliar sua influência no Oriente Médio num momento de escalada nas tensões entre Estados Unidos, Irã e Turquia.

Tropas turcas começaram a ocupar o norte da Síria dias depois de Trump deixar a região, numa investida que já levou à migração forçada de pelo menos 600 mil moradores curdos, tradicionais aliados dos Estados Unidos. Depois de Trump ameaçar, em termos vagos, “destruir” a economia turca com sanções, seu vice-presidente, Mike Pence, deve visitar Ancara em bereve para negociar um cessar-fogo.

Após a retirada de mil soldados num movimento que ainda libertou terroristas do Estado Islâmico, ontem Trump voltou ao Twitter para uma mensagem surrealista. “Qualquer um que queira ajudar a Síria a proteger os curdos é bom para mim, seja a Rússia, a China ou Napoleão Bonaparte. Espero que todos façam isso, nós estamos a 7 mil milhas de distância!”, afirmou.

A inconstância de sua política externa e falta de efetividade de sua visão mercantilista do mundo foram temas centrais no debate democrata de ontem, em Ohio. Elizabeth Warren, nova favorita entre os democratas, afirmou que o país não deve mesmo ter tropas no Oriente Médio, mas criticou as decisões “impulsivas” de Trump, muitas vezes beneficiando ditadores e indo contra os interesses da política externa americana. Joe Biden foi mais incisivo. Para ele, abandonar os curdos foi “a decisão mais vergonhosa que qualquer presidente tomou na história moderna em política internacional”.

O processo de impeachment de Trump, as acusações de corrupção em seu governo, a necessidade de aumentar os impostos para os mais ricos, um maior controle de armas e até a idade avançada dos candidatos favoritos foram outros temas em destaque no debate entre os 12 candidatos democratas. A cada passo em falso de Trump, sua esperança cresce, apesar dos robustos números na economia e na geração de empregos que o presidente republicano tem a seu favor.

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