Síria: "A cada vez mais importante presença russa, a atividade aérea na Síria também está aumentando as tensões" (Bassam Khabieh / Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2016 às 08h40.
Os intensos bombardeios da Rússia na Síria "minam os esforços para encontrar uma solução política" para o conflito, de quase cinco anos, afirmou nesta sexta-feira o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
"Os intensos bombardeios aéreos russos, em sua maioria contra os grupos da oposição na Síria, minam os esforços para encontrar uma solução política ao conflito", disse Stoltenberg ao chegar a uma reunião de ministros de Defesa da União Europeia de Amsterdã.
"A cada vez mais importante presença russa, a atividade aérea na Síria também está aumentando as tensões", em particular com a Turquia, que em novembro derrubou um caça-bombardeiro russo em sua fronteira com a Síria, disse.
A Força Aérea russa realizou em apenas três dias, entre 1 e 3 de fevereiro, 237 saídas aéreas, contra 875 "alvos terroristas" nas regiões de Aleppo (norte), Latakia (noroeste), Homs (centro), Hama (centro) e Deir Ezzor (leste), afirmou na quinta-feira o ministério da Defesa russo.
Esta ofensiva teria permitido na quarta-feira ao exército sírio "junto a grupos de voluntários", segundo o ministério russo, "desalojar os rebeldes de suas posições e libertar as localidades de Nebbol e Zahra, sitiadas há quatro anos" ao norte de Aleppo.
A operação também permitiu às forças de Bashar al-Assad bloquear a principal via de abastecimento dos rebeldes com a Turquia.
Em paralelo, em Genebra as negociações de paz foram suspensas também na quarta-feira. A oposição síria ameaçou não voltar à mesa de negociações se suas demandas não forem cumpridas antes, entre elas o fim dos bombardeios.
Na quinta-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, pediu que a Rússia detenha seus bombardeios, em uma franca conversa telefônica com seu colega russo, Serguei Lavrov.
A França também pediu o fim dos bombardeios, mas a Rússia, principal apoio do regime de Bashar al-Assad, a quem ajuda militarmente em terra desde setembro, se recusa a colocar fim a sua intervenção militar.
As Nações Unidas estimam que 500.000 pessoas vivem em estado de sítio na Síria, onde a guerra deixou 260.000 mortos desde 2011.