Bashar al-Assad: "há vontade popular para que sejam realizadas eleições presidenciais antecipadas? Se a resposta for sim, não tenho problema algum com isto", disse Assad (Joseph Eid / AFP)
Da Redação
Publicado em 31 de março de 2016 às 12h48.
O chefe de Estado sírio Bashar al-Assad afirmou estar disposto a aceitar a convocação de uma eleição antecipada se a população pedir, em uma entrevista à agência estatal russa Ria-Novosti.
"Há vontade popular para que sejam realizadas eleições presidenciais antecipadas? Se a resposta for sim, não tenho problema algum com isto", disse Assad à agência, de acordo com uma transcrição em árabe divulgada por Damasco.
O mandato de Assad termina teoricamente em 2021, mas, segundo o mapa do caminho das negociações internacionais para colocar fim à guerra na Síria, como parte do processo de paz seriam realizadas eleições presidenciais e legislativas antes de 18 meses.
Segundo o plano traçado nas negociações organizadas pela ONU, as conversações deveriam conduzir à colocação em andamento de um "órgão de transição" encarregado de adotar uma nova Constituição e organizar as eleições.
Mas o papel que Assad teria na nova instituição continua sendo o principal ponto de discórdia entre o regime e os rebeldes que negociam a saída do conflito.
Na entrevista, Assad indicou que todos os cidadãos sírios terão a oportunidade de voltar.
"Isso vai incluir todos os sírios, sejam os de dentro, como os de fora do país. Todos poderão votar, sem importar em que lugar do mundo estejam", enfatizou.
Na véspera, também falando à Ria Novosti, Assad defendeu a ideia de um governo de transição que reúna as forças pró-regime e opositoras.
O presidente sírio da mesma forma considerou que "um projeto de Constituição", igualmente exigido pela ONU, poderia ser elaborado em algumas semanas.
Moscou e Washington esperam um esboço de projeto até agosto.
Assad é presidente da Síria desde 2000, depois da morte de seu pai, Hafez, que dirigiu o país com mão de ferro por 30 anos.
Atualmente, ele cumpre seu terceiro mandato, de sete anos cada.
A presidencial de 2014 foi classifica de farsa pela oposição e países ocidentais.
Neste sentido, o chefe da delegação de oposição nas negociações de Genebra, Assaad al-Zoabi, declarou à AFP que "as resoluções internacionais falam da formação de um órgão de transição dotado de plenos poderes, incluindo poderes presidenciais".
Segundo ele, Assad não deve permanecer sequer uma hora a mais após a formação deste órgão.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, também estimou que o presidente sírio não deve integrar qualquer governo provisório de união, considerando "estar fora de questão" tal participação.
O presidente sírio tem sofrido pressão internacional para incluir representantes da oposição no "órgão de transição" que, segundo o roteiro determinado pela ONU, deve ser elaborado durante as negociações de Genebra, cuja primeira rodada indireta entre Damasco e representantes da oposição foi concluída.
No terreno, em meio à trégua acertada, as tropas do regime de Damasco continuam com sua ofensiva contra o grupo Estado Islâmico (EI) no centro da Síria após a reconquista da cidade de Palmira, completamente abandonada por seus habitantes.
A força aérea síria também realiza ataques aéreo em Sokhné (leste de Palmira), onde os jihadistas entrincheiraram-se.
Se o regime tomar o controle da cidade, estaria às portas da província petrolífera de Deir Ezzor (leste), em grande parte controlada pelo EI.
A Síria sofre desde 2011 com uma guerra civil que começou como um levante popular contra Assad e derivou para um conflito complexo, no qual morreram mais de 270.000 pessoas e obrigou a metade da população a fugir do país.