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Argentino compra último casaco de Hitler em leilão polêmico

O comprador afirmou vir de Argentina e explicou que destinaria as peças compradas "a um museu", sem revelar mais detalhes


	Adolf Hitler: entre os objetos pessoais do ditador figuravam pares de meias e gravatas, toalhas de mesa ou o seu certificado de imposto de renda
 (AFP)

Adolf Hitler: entre os objetos pessoais do ditador figuravam pares de meias e gravatas, toalhas de mesa ou o seu certificado de imposto de renda (AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2016 às 09h40.

Um comprador anônimo, que se apresentou como argentino, comprou no sábado a maioria dos pertences nazistas leiloados em um polêmico leilão organizado em Munique (sul), desembolsando mais de 600.000 euros, informou nesta segunda-feira a imprensa alemã.

Todo vestido de preto - botas, calça jeans, camisa pólo e boné - "o comprador da segunda fila" gastou, entre outros, 275.000 euros no último casaco do uniforme de Adolf Hitler e 3.000 euros pelas roupas de baixo "parcialmente mofadas" de Herman Göring, mas desprezou um par de meias de Hitler vendida por 18.000 euros, segundo o jornal Bild.

O tabloide enviou um repórter entre os compradores, "casais jovens, homens idosos e homens de cabeças raspadas musculosos com tatuagens tribais", para acompanhar durante três horas um leilão dominado pelo "número de licitante 888" - recordando o número "88" adorado pelos neonazistas por representar as primeiras letras de "Heil Hitler".

Com duas palavras ao Bild em um inglês carregado de um sotaque espanhol, o comprador afirmou vir de Argentina e explicou que destinaria as peças compradas "a um museu", sem revelar mais detalhes.

"Seria um homem a serviço de um colecionador particular?", questionou o jornal, lembrando a fuga para a Argentina de muitos nazistas após a Segunda Guerra Mundial.

O jornal bávaro Süddeutsche Zeitung afirmou, por sua vez, que dois homens vestidos de preto se revezaram com a placa 888, vestidos de forma idêntica e falando com o mesmo sotaque sul-americano.

O Conselho Central dos Judeus da Alemanha havia expressado na quinta-feira sua indignação com o leilão, descrito como "escandaloso e desprezível". O prefeito de Munique também expressou seu descontentamento.

Entre os objetos pessoais do ditador nazista figuravam no leilão pares de meias e gravatas, toalhas de mesa ou o seu certificado de imposto de renda relativo a taxas sobre cães, de acordo com a imprensa alemã.

Todos os objetos eram de propriedade do ex-médico do Exército dos Estados Unidos John K. Lattimer, responsável pela saúde dos acusados durante o julgamento de Nuremberg de líderes do regime nazista.

A casa de leilões Hermann Historica, que fornece acesso ao catálogo de leilão apenas aos seus clientes e que proibiu a imprensa de assistir à venda, assegurou em um comunicado que não tinha como objetivo era incomodar a paz social ou ferir sentimentos e afirmou que estava "bem ciente da sombria história alemã entre 1933 e 1945".

Em abril de 2014, na França, a venda de 40 objetos nazistas que pertenciam aos dois líderes do 3º Reich, incluindo passaportes e pratos, foi cancelada após a intervenção do ministro francês da Cultura junto a casa de leilões Vermot de Pas.

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