O ministro do governo boliviano, Eduardo del Castillo, dá entrevista coletiva sobre a situação dos bloqueios de estradas e a autorização do ex-presidente Evo Morales para porte de armas de fogo em La Paz, em 30 de outubro de 2024 (Jorge BERNAL/AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 1 de novembro de 2024 às 08h04.
Última atualização em 1 de novembro de 2024 às 08h16.
Os apoiadores do ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, decidiram nesta quinta-feira, 31, suspender temporariamente os bloqueios de estradas em quatro áreas do país, embora a rota que conecta ao Trópico de Cochabamba, reduto político e sindical do ex-governante, continue com manifestantes que anunciaram que não essa via não será liberada.
Pessoas próximas de Morales bloqueiam estradas, especialmente na região central de Cochabamba, há 18 dias para exigir a retirada o processo judicial contra o ex-presidente por um caso de tráfico de pessoas e estupro, para exigir uma solução para a situação econômica do país e para defender sua candidatura presidencial às eleições de 2025.
Na madrugada de hoje, pessoas próximas a Morales retiraram-se do ponto de bloqueio em Vinto, a cerca de 20 quilômetros da cidade de Cochabamba, que liga o país ao oeste. Em seguida, funcionários da prefeitura deste município saíram às ruas para limpar o percurso com maquinaria pesada.
Segundo a imprensa local, os manifestantes deslocaram-se para Parotani, a 21 quilômetros de distância, para reforçar o bloqueio naquela zona onde dias antes ocorreram confrontos com a polícia.
A Defensoria Pública informou que conseguiu chegar a um acordo com alguns setores mobilizados “para levantar temporariamente o bloqueio por ocasião das festividades de Todos os Santos”.
A Central Única dos Trabalhadores Camponeses de Colomi determinou uma pausa no bloqueio em virtude do feriado a partir de 2 de novembro para retomar a medida de pressão no dia 10 do mesmo mês.
Outro ponto onde os bloqueios foram levantados é na região andina de Potosí, na rota que liga à cidade de Oruro.
Finalmente, na localidade de Mairana, na região de Santa Cruz que se conecta com Cochabamba, os 'evistas' decidiram levantar o bloqueio durante três horas e depois anunciaram que iriam obstruir a autoestrada.
No entanto, a rota que vai até o Trópico de Cochabamba, reduto político e sindical de Morales, foi reforçada pelos cocaleiros e outros grupos leais, que anunciaram que esse ponto não será desbloqueado.
Gualberto Arispe, deputado do partido governista Movimento ao Socialismo (MAS) e próximo do ex-presidente, afirmou que os dirigentes camponeses que mantêm o bloqueio concordaram com esta solução depois de conversarem com representantes da Defensoria Pública e de instituições de direitos humanos.
Em 18 dias de bloqueios rodoviários, ocorreram vários confrontos que deixaram 70 feridos, 61 policiais e nove civis, e causaram perdas econômicas no valor de US$ 1,7 bilhão, segundo o governo.
Na véspera, o presidente Luis Arce deu um ultimato a Morales e aos que mantêm as estradas fechadas para desobstruí-las, caso contrário anunciou que recorrerá aos seus “poderes constitucionais” para desobstruir as estradas.
Por sua vez, Morales acusou Arce de fazer “ameaças” contra seus apoiadores que bloqueiam estradas e responsabilizou o governante por “qualquer ato de violência” que ocorra no país.
Arce e Morales estão afastados desde 2021 devido a diferenças na administração do Estado que se aprofundaram devido à necessidade de renovar a liderança nacional do MAS e definir a candidatura oficial do partido para as eleições de 2025.