Alemanha: país está "na mira dos islamitas e, desde 2013, os indícios de ameaça aumentaram consideravelmente", diz órgão alemão (Odd Andersen/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2016 às 09h36.
Berlim - A ameaça terrorista generalizada pesará sobre a Alemanha durante vários anos, embora atualmente não haja evidências que apontem para um possível atentado iminente, revelou o Escritório Federal de Investigação Criminal (BKA).
"A situação em matéria de segurança é muito tensa devido a ameaça terrorista e continuará a ser durante anos. No entanto, atualmente não temos indícios de um iminente atentado na Alemanha", afirmou o presidente do BKA, Holger Münch, em entrevista publicada neste domingo no "Bild am Sonntag".
A Alemanha está "na mira dos islamitas e, desde 2013, os indícios de ameaça aumentaram consideravelmente", precisou.
E em 2015, segundo ele, os indícios aumentaram mais do que o triplo em relação aos dois anos anteriores.
Por outro lado, Münch assinalou que os organismos de segurança alemães têm registrados 444 potenciais terroristas que poderiam realizar um atentado na Alemanha, número que cresceu consideravelmente nos últimos meses ao somar aqueles que deixaram o país para engrossar as fileiras da jihad e que retornam depois.
Destes 444 potenciais terroristas, 212 estão atualmente na Alemanha, 65 deles na prisão. 95% são homens, ou seja, 20 destes potenciais terroristas são mulheres.
Além disso, 18% se converteram do cristianismo ao islã e, neste caso, a maioria têm nacionalidade alemã, acrescentou.
Münch criticou as deficiências no controle dos refugiados que entram ao país. "Inclusive no caso dos que são registrados, com frequência contamos unicamente com uma fotografia e as impressões digitais e por isso não podemos saber sempre quem são na realidade e qual é seu histórico", indicou.
Para Münch, embora esta situação não possa ser totalmente solucionada, é necessário pôr fim a este vazio no que diz respeito aos refugiados não registrados.
O presidente do BKA negou, além disso, que com a chegada em massa de refugiados tenha aumentado a criminalidade, e afirmou que em termos globais este não foi o caso.
"No entanto, os delitos nos centros de amparo aumentaram consideravelmente. Ali vivem muitas pessoas há meses em um espaço muito reduzido, entre eles muitos homens jovens em condições que propiciam a delinquência", argumentou.
Os imigrantes procedentes dos Bálcãs e do norte da África, sobretudo de Marrocos, Tunísia e Argélia, são os que mais crimes cometem, ao contrário dos cidadãos de Síria e Iraque.
A metade dos delitos cometidos nos centros de amparo tem a ver com violência física, mas aumentaram também os casos de agressões sexuais e homicídios, embora esse número continue sendo reduzido, assinalou.