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A complexidade da Nigéria que vai às urnas

Com uma semana de atraso, juventude nigeriana deve escolher entre dois septuagenários

Nigéria: cartaz de Buhari, atual presidente que tenta reeleição com discurso de mais estado para sair do atoleiro

Nigéria: cartaz de Buhari, atual presidente que tenta reeleição com discurso de mais estado para sair do atoleiro

DR

Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 06h44.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2019 às 07h04.

A Nigéria é a maior produtora de petróleo do continente africano, e a nação com mais pessoas em situação de extrema pobreza no mundo. No próximo sábado, milhares de jovens eleitores ー considerando que 51% da população tem entre 18 e 35 anos ー irão às urnas para depositar seus votos nos dois septuagenários que lideram o pleito presidencial. A disputa acontecerá com uma semana de atraso após ter sido adiada sem grandes explicações no último final de semana.

Este será o sexto presidente democraticamente eleito desde o final da ditadura militar nigeriana que perdurou até 1999. Embora as eleições do próximo sábado contem com expressivos 73 candidatos, na prática a disputa deve se concentrar entre os dois políticos mais tradicionais da Nigéria: Muhammadu Buhari, atual presidente que tenta sua primeira reeleição, e Atiku Abubakar, megaempresário e líder oposicionista que foi vice-presidente entre 1999 e 2007.

No último sábado, poucas horas antes de os nigerianos irem às urnas, a Comissão Eleitoral anunciou que estava remarcando o pleito para este final de semana, alegando problemas técnicos.

À imprensa, o presidente da Comissão, Mahmood Yakubu, declarou que “para garantir a realização de eleições livres, justas e confiáveis, não é factível seguir com as eleições da forma como estavam programadas”. Segundo relatos da oposição, o adiamento teria sido feito por ataques a locais de votação e falta de cédulas em alguns estados.

O próximo presidente da Nigéria assumirá o desafio de governar a nação mais populosa da África, com cerca de 200 milhões de habitantes, e também o de tirar o país da quase exclusiva dependência do petróleo que faz com que sua economia fique à mercê do mercado internacional.

Ex-general do exército nigeriano e atual presidente do país, Muhammadu Buhari, de 76 anos, foi eleito eme 2015 e agora tenta sua reeleição. Antes disso, em 1983, Buhari já havia assumido o comando da Nigéria através de um golpe de estado que durou dois anos, quando foi deposto por outro golpe, em 1985.

Após três décadas, o líder com forte apoio dos muçulmanos do Norte conseguiu se eleger por meio do voto direto e passou a ser bem visto aos olhos do povo nigeriano, através de medidas como uma forte intervenção estatal e nacionalização dos serviços e também pelo apoio de microcrédito que beneficiou cerca de 2 milhões de pequenos comerciantes.

Do lado da oposição e trazendo o morte “Let’s Get Nigeria Working Again (Vamos fazer a Nigéria trabalhar novamente), Atiku Abubakar é um empresário de 72 anos que fez fortuna em diversos setores, como na agricultura e educação. Diferente de seu adversário que preza pela intervenção estatal na economia do país, Abubakar promete tornar o país economicamente mais liberal e aberto a investimentos estrangeiros.

Nos últimos três anos, com a queda do preço do barril de petróleo, o PIB da Nigéria, 13° maior produtora do mundo, despencou de 568,6 para 375,8 bilhões de dólares. Com isso, o país em que 60% da população é constituída por jovens passa por uma grave crise de desemprego com taxas que chegam a 23% para a população geral e 36% para os jovens. Este deverá ser um dos principais critérios para a escolha do novo presidente.

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