Mercado imobiliário

“Somos maior empresa imobiliária do Brasil sem ter um tijolo”, diz CEO da Housi

Proptech brasileira aposta em prédios licenciados para ganhar escala em lançamentos e consolidar parceria com incorporadoras

Alexandre Frankel, fundador da Vitacon e da Housi: CEO projeta crescimento na frente de varejo (Leandro Fonseca/Exame)

Alexandre Frankel, fundador da Vitacon e da Housi: CEO projeta crescimento na frente de varejo (Leandro Fonseca/Exame)

share
Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 19 de setembro de 2024 às 17h18.

Última atualização em 20 de setembro de 2024 às 10h40.

A proptech Housi tem uma carteira robusta de 800 edifícios e 200 mil unidades – tudo sem construir nenhum prédio. Os números vêm da marca da empresa, que é licenciada para incorporadoras em um modelo similar a uma franquia. Atualmente a Housi tem em torno de 500 parceiros que, em geral, são players menores com atuação fora das capitais. Eles buscam a expertise da proptech para alavancar seus negócios. 

“Somos a maior empresa imobiliária do Brasil [em lançamentos] sem ter um tijolo”, afirma o CEO Alexandre Frankel. A projeção da Housi é ter 200 mil lançamentos no país em 2024 com o licenciamento. Em termos de comparação, a MRV, maior empresa do setor de construção da América Latina, entregou 40 mil unidades no acumulado do último ano.

Antes da pandemia, a Housi operava condomínios de apartamentos compactos, realizando a gestão do próprio empreendimento e dos serviços acoplados no condomínio. Na pandemia, o negócio se reinventou. A ideia do licenciamento veio de um empreendedor do Sul do País, que vendeu seu prédio em uma semana com o impulso da marca da Housi. 

Frankel viu aí uma oportunidade de transformar a operação oferecendo, ao incorporador, um conjunto de soluções para implementar o que chama de “prédio digital”. A analogia é entre um telefone comum e um smartphone: o condomínio repaginado oferece todas as soluções que o morador precisa, passando por lavanderia, mini mercado, aluguel de carros, serviços para pets, adega – tudo personalizável. 

 “O analógico é aquele edifício que tem portaria, porteiro e salão de festas; não te oferece praticamente nada. O digital transforma o empreendimento em projeto multifuncional que passa a ser o grande centro de facilidades que muda a vida do usuário”, resume o CEO. “O prédio é o hardware e o licenciamento é o software de moradia, o que nos permite customizar para empreendimento para diferentes públicos.”

Fórmula Housi

Após quatro anos investindo em parcerias, a Housi envelopou a solução em uma metodologia, que utiliza a base de dados da empresa para oferecer um serviço de consultoria desde o início do projeto. Média de preço de metro quadrado para a região, dados demográficos, tipologia, perfil do produto e melhores opções para áreas comuns são alguns dos pontos de atuação da proptech.

A empresa oferece também um treinamento de vendas e marketing. “Em algumas cidades apresentamos o conceito de imóvel na planta, que traz vantagens de preço para o comprador e de funding para o incorporador. As pessoas antes só compravam com o imóvel construído e hoje tem um uso mais inteligente dos recursos”, diz. A Housi estima que a parceria aumenta em 36% a velocidade de vendas do empreendimento parceiro e acrescenta 23% de valor adicional ao projeto.

Com o condomínio entregue, entra a gestão do empreendimento e dos serviços acoplados. A oferta vem de grandes marcas como Rappi, iFood, Unilever, Pets, Magazine Luiza. A parcela que permanece com a Housi fica entre 10% e 20%; os parceiros da indústria repassam uma porcentagem para a proptech que, por sua vez, usa parte da fatia para baratear o custo do condomínio. Nas contas da empresa, o valor fica até 50% mais barato – e o sonho de Frankel é ver, no futuro, um modelo de moradia grátis, onde o consumo de produtos e serviços custeie o condomínio. 

A frente de varejo, a propósito, já representa 60% da receita da proptech, que deve alcançar um faturamento de R$ 500 milhões em 2024, um crescimento de 2,5 vezes em base anual. “Estimamos que até 2025 nós sejamos a empresa com maior número de pontos de venda do Brasil”, disse o CEO.

Frankel defende o bom momento da Housi com a nova rodada de financiamento de US$ 10 milhões levantada em fevereiro deste ano “em um momento de seca para as startups”. Criada a partir de um spin-off com a Vitacon, incorporadora famosa pelos compactos, a Housi havia recebido apenas um aporte inicial antes da nova rodada deste ano, de R$ 50 milhões.

Para o futuro, a empresa está estudando como realizar sua expansão para fora do Brasil e não descarta uma abertura de capital. “O IPO está sempre no radar do empreendedor como passo de evolução, mas a janela está bem fechada. Não é algo que trabalhamos hoje com intensidade”.

Acompanhe tudo sobre:ImóveisEmpresas

Mais de Mercado imobiliário

As 10 cidades mais ricas do estado de São Paulo, de acordo com o PIB

Dois a cada três brasileiros deixam de negociar imóveis pelo preço, diz Datafolha

Mercado ainda vai piorar antes de melhorar, diz analista de FIIs do Santander

Fechado há seis anos, parque aquático dará lugar a condomínio com 700 casas, heliponto e mais