Mercado imobiliário

Planejamento sucessório imobiliário: estratégias para transferir propriedades em vida

As estratégias variam conforme o tipo de bem e os objetivos do proprietário

A criação de uma holding exige a contratação de advogados e contadores especializados (Franscisco Martins/EXAME.com/Exame)

A criação de uma holding exige a contratação de advogados e contadores especializados (Franscisco Martins/EXAME.com/Exame)

share

Publicado em 27 de setembro de 2024 às 17h12.

O planejamento sucessório é uma estratégia essencial para quem deseja transferir propriedades de forma organizada, minimizando custos e possíveis conflitos entre herdeiros. No caso de bens imóveis, realizar a transferência ainda em vida é uma das opções mais seguras e eficientes para garantir que o patrimônio chegue aos destinatários certos sem surpresas desagradáveis. Para isso, é importante conhecer as principais estratégias e suas implicações legais e financeiras. Vamos explorar algumas das melhores práticas para a transferência de imóveis em vida.

1. Doação com reserva de usufruto

Uma das formas mais utilizadas no planejamento sucessório imobiliário é a doação com reserva de usufruto. Nessa modalidade, o proprietário doa o imóvel aos seus herdeiros, mas mantém o direito de usufruto, ou seja, pode continuar utilizando o bem ou recebendo rendimentos dele (como aluguel) enquanto estiver vivo. Esse tipo de doação evita a necessidade de um processo de inventário após o falecimento e garante que os herdeiros recebam o imóvel sem custos adicionais.

Vantagens:

  • O doador continua usufruindo do imóvel;
  • Evita brigas familiares futuras, pois a partilha já estará resolvida;
  • Redução de custos com o inventário.

O que fazer: Para formalizar a doação com usufruto, é necessário um contrato de doação e o registro do ato no Cartório de Registro de Imóveis. O pagamento do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) também deve ser realizado.

2. Venda de imóvel para herdeiros

Outra estratégia comum é a venda do imóvel para os herdeiros. Em vez de doar, o proprietário pode vender o bem para os filhos ou outros beneficiários, formalizando a transação através de um contrato de compra e venda. Embora menos usual, essa modalidade pode ser interessante em alguns casos, principalmente para equilibrar o patrimônio entre os herdeiros.

Vantagens:

  • Pode ser usada para equilibrar a distribuição de bens entre herdeiros;
  • Garante que a transferência seja feita de maneira formal, com pagamento de impostos adequados.

O que fazer: A venda deve ser formalizada por meio de escritura pública e registrada no Cartório de Registro de Imóveis. É importante atentar-se aos tributos envolvidos, como o Imposto de Renda sobre o ganho de capital.

3. Criação de uma holding familiar

Para quem possui um patrimônio imobiliário significativo, a criação de uma holding familiar pode ser a melhor alternativa para a sucessão de bens. Nesse modelo, os imóveis são transferidos para uma empresa (holding), da qual os herdeiros serão sócios. Assim, a transferência de patrimônio acontece por meio das quotas da empresa, evitando a necessidade de processos de inventário ou doação direta.

Vantagens:

  • Facilita a gestão de bens imobiliários de grande valor;
  • Protege o patrimônio contra disputas judiciais;
  • Redução de custos com inventários futuros.

O que fazer: A criação de uma holding exige a contratação de advogados e contadores especializados, que poderão ajudar na estruturação da empresa e garantir que todos os aspectos legais sejam cumpridos.

4. Doação pura e simples

A doação pura e simples é uma forma direta de transferência de bens em vida. Nesse modelo, o proprietário doa o imóvel sem qualquer reserva de usufruto. É importante lembrar que, nesse caso, o doador perde completamente o direito sobre o bem após a doação.

Vantagens:

  • Simplificação da transferência de patrimônio;
  • Elimina qualquer burocracia futura em processos de inventário.

O que fazer: A doação deve ser registrada em cartório, e o ITCMD deve ser pago pelos herdeiros ou pelo doador, dependendo da legislação estadual.

5. Testamento como complemento

Embora o objetivo do planejamento sucessório seja evitar a necessidade de inventário, é recomendável que o proprietário faça um testamento como complemento às estratégias de doação. O testamento pode garantir que nenhum detalhe seja esquecido e que o patrimônio seja distribuído exatamente conforme a vontade do proprietário.

Vantagens:

  • Flexibilidade na divisão de bens;
  • Garantia de que o patrimônio será distribuído conforme a vontade do titular.

O que fazer: O testamento deve ser registrado em cartório e pode ser atualizado conforme necessário.

Conclusão

O planejamento sucessório imobiliário é uma ferramenta poderosa para garantir que o patrimônio seja transferido de forma eficiente e pacífica aos herdeiros. As estratégias variam conforme o tipo de bem e os objetivos do proprietário, sendo essencial contar com o suporte de profissionais especializados para garantir que todos os aspectos legais e tributários sejam respeitados. Seja por meio de doação, venda ou criação de holding, o importante é que a transferência seja planejada com antecedência, evitando conflitos e custos excessivos no futuro.

Acompanhe tudo sobre:Guia do Mercado Imobiliário

Mais de Mercado imobiliário

As 10 cidades mais ricas do estado de São Paulo, de acordo com o PIB

Dois a cada três brasileiros deixam de negociar imóveis pelo preço, diz Datafolha

Mercado ainda vai piorar antes de melhorar, diz analista de FIIs do Santander

Fechado há seis anos, parque aquático dará lugar a condomínio com 700 casas, heliponto e mais