Mercado imobiliário

Com ‘melhor Minha Casa, Minha Vida da história’, MRV tem recuperação no resultado do 1º tri

Construtora apresentou prejuízo de R$ 104,3 milhões no resultado contábil, e lucro de R$ 53,9 milhões no indicador ajustado

Ricardo Paixão, CFO da MRV: construtora somou R$ 2,13 bilhões em vendas líquidas no 1º trimestre (Nitro Imagens/Divulgação)

Ricardo Paixão, CFO da MRV: construtora somou R$ 2,13 bilhões em vendas líquidas no 1º trimestre (Nitro Imagens/Divulgação)

share
Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 8 de maio de 2024 às 20h19.

Última atualização em 12 de agosto de 2024 às 17h36.

A MRV (MRVE3), maior construtora da América Latina, teve um prejuízo líquido atribuído aos acionistas de R$ 167,6 milhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado ajustado, no entanto, mostra um lucro de R$ 53,96 milhões no período – o primeiro no positivo desde o primeiro trimestre de 2022. Os números foram divulgados na noite desta quarta-feira, 8. 

O lucro ajustado da MRV exclui os efeitos de uma operação de recompra de ações via equity swap, além da marcação de swap e dívidas. “No primeiro trimestre tivemos uma queda forte das ações que trouxe um valor negativo contábil, mas com impacto zero na operação”, explica Ricardo Paixão, CFO da MRV, em entrevista à EXAME.

As ações da MRV foram uma das principais baixas do Ibovespa no primeiro trimestre, com queda de 30%. Os investidores estavam receosos com a possibilidade da construtora revisar seu guidance – o que acabou confirmado pela empresa apenas no MRV Day, em meados de março. “A divulgação tirou muito do ruído que havia em torno do papel e reduziu a margem de discussão do resultado”, disse Paixão.

Com o balanço do primeiro trimestre, a companhia quer mostrar que as projeções apresentadas aos investidores no MRV Day já estão dando resultados. Os principais destaques, segundo o CFO, estão na margem bruta e no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), principal indicador de caixa operacional.

A margem bruta da MRV subiu 1,9 ponto percentual (p.p.) na comparação anual, para 25,9%. Já o Ebitda alcançou R$ 241 milhões no primeiro trimestre, ganho de 111% frente ao mesmo período do ano anterior. “São indicadores que mostram a melhora operacional, que tem se transformado em melhora financeira.”

Para fechar o descompasso entre o operacional e a última linha do balanço, a solução é “construir o que já foi vendido”. Isso porque o resultado das vendas não afeta imediatamente a linha final do balanço, já que a apropriação da venda é contabilizada à medida que a obra avança.

A companhia somou R$ R$ 2,13 bilhões em vendas líquidas no 1º trimestre de 2024, alta de 18,4% em comparação com igual período de 2023. A velocidade de vendas (VSO), por sua vez, foi de 33,1% no período, crescimento de 11,1 p.p. em base anual. 

Foco na incorporação

A MRV&Co anunciou neste ano que a missão das subsidiárias Urba, Luggo e Resia é não consumir caixa. O foco principal da empresa voltou para a divisão de incorporação da MRV, seu principal negócio, que inclui as marcas MRV e Sensia. Nessa frente, o plano de recuperação da empresa ganhou um impulso importante do cenário macroeconômico, que tem sido um céu estrelado para a construção de baixa renda.

A bonança começou a tomar forma no ano passado com a reformulação do Minha Casa, Minha Vida, que expandiu as faixas de atuação do programa. E este ano, vieram duas mudanças em termos de financiamento. Uma foi a volta da tributação especial de 1% – ao invés dos anteriores 4% – via o Regime Especial de Tributação, ou RET. O regime é aplicado para projetos de incorporação de imóveis de interesse social. A segunda é o FGTS Futuro,  mecanismo que libera o saldo ainda não depositado do FGTS para o financiamento imobiliário, aumentando indiretamente a renda de quem solicita o financiamento. 

“Este é o melhor Minha Casa, Minha Vida de todos os tempos: o cliente nunca teve tanta condição de comprar quanto tem hoje. Brincamos internamente que este é o momento de ‘encher o cantil’: fazer safra de vendas e colocar um preço competitivo”, afirma Paixão.

O tíquete médio das unidades vendidas subiu de um preço de R$ 218 mil para R$ 248 mil. Apesar da alta, o foco da MRV não está em aumentar ainda mais os preços das unidades, mas sim reduzir a concessão de crédito. “Vamos continuar subindo o preço um pouco acima da inflação, mas o principal indicador que buscamos é reduzir a concessão de crédito.”

Acompanhe tudo sobre:MRVConstrução civilConstrutorasBalanços

Mais de Mercado imobiliário

As 10 cidades mais ricas do estado de São Paulo, de acordo com o PIB

Dois a cada três brasileiros deixam de negociar imóveis pelo preço, diz Datafolha

Mercado ainda vai piorar antes de melhorar, diz analista de FIIs do Santander

Fechado há seis anos, parque aquático dará lugar a condomínio com 700 casas, heliponto e mais