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Mercado Pago: Pix cresce 20% por semana e toma o espaço dos boletos

Para Daniel Davanço, head de Pagamentos Online da plataforma, o Pix já ganhou o gosto dos brasileiros como ferramenta de transferência de dinheiro, e logo será também preferência na hora de fazer compras online

Aplicativo do Mercado Pago, a fintech do Mercado Livre, com o Pix como uma das alternativas de pagamento ao consumidor (Mercado Livre/Divulgação)

Aplicativo do Mercado Pago, a fintech do Mercado Livre, com o Pix como uma das alternativas de pagamento ao consumidor (Mercado Livre/Divulgação)

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Bianca Alvarenga

Publicado em 22 de abril de 2021 às 06h07.

Última atualização em 22 de abril de 2021 às 14h14.

Uma das maiores dores das lojas online é a compra abandonada. Seja o carrinho que não foi levado para a conclusão do pagamento ou o boleto emitido e que não foi pago, as vendas que deixam de ser feitas representam uma fatia importante do faturamento do e-commerce.

No caso do boleto, o prejuízo é um pouco maior. Quando o cliente finaliza a compra, mas deixa de fazer pagamento, o lojista tem dois custos: o da emissão do boleto e o prejuízo por ter deixado a mercadoria reservada durante o prazo de possível compensação de pagamento. Nesse meio tempo, o produto parado no estoque poderia ser vendido para outro cliente.

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Por terem um fluxo de venda mais ágil, as grandes varejistas digitais conseguem lidar melhor com as compras abandonadas. Quem sofre mais é o pequeno lojista, que tem margens mais apertadas e não dispõe de um grande estoque.

O Pix, ferramenta de pagamentos instantâneos do Banco Central, pode ser um grande aliado para evitar os boletos "esquecidos". De acordo com o Mercado Pago, plataforma com mais de 200 mil vendedores cadastrados, os pagamentos com o Pix têm crescido a um ritmo médio de 20% por semana, e já tomaram o espaço das vendas com boleto.

"Um pagamento com o Pix demora em torno de 3 segundos para ser efetuado, é tão rápido quanto o com cartão de crédito. Para o lojista, a diferença aparece no custo: pelo Pix, a transação sai até 80% mais barata", disse Daniel Davanço, head de Pagamentos Online do Mercado Pago, em entrevista exclusiva à EXAME Invest.

Veja abaixo a entrevista completa:

Como os vendedores da plataforma têm lidado com o Pix como meio de pagamento?

Oferecemos o Pix como ferramenta de venda para o e-commerce e para os social sellers, que são pequenos lojistas que usam nosso link de pagamento para vender através das redes sociais.

De janeiro para cá temos visto um crescimento semanal de 20% do uso do Pix nos pagamentos. Temos mais de 200 mil lojistas aptos a vender com o Pix no Mercado Pago. Dentro desse universo, a ferramenta já representa aproximadamente 10% das vendas totais.

Qual o benefício de oferecer esse tipo de pagamento?

Notamos que os lojistas que oferecem o Pix como opção de pagamento acabam vendendo mais do que os que não oferecem. Parte disso são vendas adicionais, e outra parte são vendas que antes eram feitas por boleto. O Pix vem substituindo o boleto de forma rápida, na nossa plataforma.

Outro ponto é que a conversão das vendas iniciadas por Pix é bastante superior do que as finalizadas por boleto. Quando comparadas, as vendas com Pix têm 14 pontos percentuais mais chances de serem concluídas.

Além disso, há um benefício operacional. O lojista não precisa segurar o estoque, consegue liquidar o pagamento imediatamente, e não atrasa a entrega.

Havia grande expectativa dos comerciantes de que o Pix significaria a morte dos boletos. Acha que isso deve acontecer em breve?

Acredito que sim, mas depende primeiro da bancarização dos consumidores e da adesão às ferramentas digitais. Há uma clara tendência de canibalização das vendas por boleto, mas não das vendas com cartões, por exemplo. O público que tende a migar para o Pix é o que, hoje, tem menos familiaridade com os pagamentos digitais.

Muitos lojistas têm dificuldade em estabelecer um fluxo de finalização de compra e pagamento com o Pix. Qual a forma mais simples para o cliente?

Existem duas formas principais para o pagamento com o Pix. Uma é a leitura de um QR Code pela câmera do celular, e a outra é pela inserção de um código de algarismos no aplicativo da instituição financeira. A solução depende da plataforma que o comprador usa.

O QR Code é mais prático para compras que estão sendo feitas pelo computador, já que não é possível ler a imagem pelo próprio aparelho. E o link é mais útil para compras que são realizadas exclusivamente pelo mobile. No Mercado Pago, 70% das compras do Pix acontecem em dispositivos móveis e outros 30% pelo desktop. Por isso, o código tem sido mais utilizado.

Acredita que no futuro haverá uma solução mais "amigável" do que a de copiar e colar o código?

Nós investimos bastante em experiência do usuário -- tanto do vendedor quanto do comprador. Realizamos continuamente experimentos para entender qual processo de pagamento gera mais facilidade e maior taxa de conversão de compra.

Já começamos a testar novas formas para pagamentos com o Pix, principalmente no mundo mobile. Provavelmente teremos outras soluções de check-out no futuro, pois hoje já identificamos os caminhos que o cliente tem preferido.

A verdade é que o Pix caiu no gosto dos brasileiros como uma ferramenta para fazer transferência de dinheiro, mas é uma questão de tempo até que ele se torne também uma preferência na hora de fazer compras.

O Pix costuma ser compensado imediatamente, como, por exemplo, uma compra com o cartão de crédito?

Sim, a integração que oferecemos tanto no link de pagamento quanto no check-out para as lojas de e-commerce torna tudo mais rápido. As transações com o Pix na nossa plataforma levam em torno de 3 segundos para serem concluídas -- é tão rápido quanto pagar com cartão.

Para o comprador, o método de pagamento escolhido tanto faz. No momento em que a transação com o Pix é realizada -- seja pelo QR Code ou pelo código numérico -- o lojista já recebe o aviso, identifica que o pagamento foi efetuado e pode, então, disparar os processos logísticos.

Existe alguma demora adicional caso a compra seja feita fora de dias e horários úteis?

Para nossa plataforma, não. Toda transação é processada imediatamente. Mas cada instituição financeira estabeleceu um limite de valor ou de número de transações pelo Pix, e esse limite costuma ser menor em finais de semana, feriados ou durante a noite. Os clientes que têm conta no Mercado Pago têm um limite de 25 mil reais por dia, para transações com o Pix.

Qual o custo do Pix para quem vende pelo Mercado Pago?

Cada meio de pagamento tem um custo diferente para o vendedor. O Pix chega a ser 80% mais barato do que meios tradicionais, como o cartão de crédito, e tem o benefício de o lojista receber o dinheiro já no momento da venda.

No Mercado Pago, as transações com o Pix custam 0,99% da transação. Se o lojista fizesse a mesma venda no cartão de crédito e pedisse para receber os recursos no mesmo dia, a taxa seria de 4,99%.

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