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Sete Brasil faz estrago em balanço de empresa de Cingapura

A Sembcorp Marine, segunda maior construtora de plataformas de petróleo do mundo, registrou o primeiro prejuízo trimestral em pelo menos 12 anos


	Plataforma de petróleo: negócios com a Sete Brasil ocasionaram primeiro prejuízo em 12 anos à segunda maior construtora de plataformas do mundo
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Plataforma de petróleo: negócios com a Sete Brasil ocasionaram primeiro prejuízo em 12 anos à segunda maior construtora de plataformas do mundo (AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2016 às 20h11.

A Sembcorp Marine, segunda maior construtora de plataformas de petróleo do mundo, registrou o primeiro prejuízo trimestral em pelo menos 12 anos após uma despesa extraordinária. 

Outro fator para o prejuízo foi a queda dos preços do petróleo que forçou clientes a adiarem ou cancelarem pedidos para projetos de perfuração em alto mar.

O prejuízo líquido no quarto trimestre totalizou 537 milhões de dólares de Cingapura (US$ 384 milhões), disse a empresa com sede em Cingapura em um comunicado na segunda-feira. 

A empresa registrou provisões e baixas contábeis de 609 milhões de dólares de Cingapura para seus projetos relacionados à Sete Brasil e outros clientes. Foi o primeiro prejuízo trimestral desde que a empresa começou a informar dados em 2003, de acordo com site da Sembcorp Marine.

Construtores de plataformas flutuantes de perfuração e produção informaram prejuízos nos últimos trimestres porque o preço do petróleo caiu mais de 40 por cento nos últimos 12 meses, levando as empresas a cortarem gastos e a cancelarem pedidos. 

A maior concorrente da Sembcorp Marine, a Keppel, também foi afetada porque a Sete Brasil, grande cliente das duas empresas de Cingapura, está ficando sem recursos e não paga nenhuma das duas construtoras há mais de um ano. 

A Keppel disse em janeiro que realizou uma baixa contábil de 230 milhões de dólares de Cingapura por causa da Sete Brasil.

“Este ciclo de baixa deve ser mais prolongado que os ciclos anteriores”, disse a Sembcorp Marine no comunicado.

A Keppel e a Sembcorp Marine correm o risco de clientes pedirem mais adiamentos ou cancelamentos de entregas e que o número de novas encomendas diminua. 

O petróleo bruto está sendo negociado a níveis não vistos em mais de uma década. A commodity estava a US$ 29,43 às 17h45 em Cingapura.

A Keppel disse no mês passado que interrompeu o trabalho em projetos para a Sete Brasil no quarto trimestre. O cliente brasileiro tem US$ 10,5 bilhões em encomendas à Keppel e à Sembcorp, mas não realiza pagamentos a nenhuma das duas desde novembro de 2014.

Mais da metade dos 609 milhões de dólares de Cingapura reservados para baixa contábil e provisões no último trimestre foi destinado aos pedidos da Sete Brasil, disse a Sembcorp Marine.

A Sete Brasil encomendou seis semissubmersíveis e sete navios-sonda à Sembcorp Marine em 2011 e 2012 e a maioria seria construída em estaleiros das empresas no Brasil. Isso representa cerca de 40 por cento da carteira de encomendas das empresas, de acordo com a Nomura Holdings e a DBS Vickers Securities. 

A entrega das primeiras unidades de cada construtora está programada para o primeiro trimestre deste ano, de acordo com um relatório do dia 5 de janeiro do Macquarie Group.

A Sete Brasil entrou em dificuldades financeiras após não conseguir um empréstimo do BNDES em meio a denúncias de pagamentos de propinas ao seu único cliente, a Petrobras. 

Os credores já rolaram empréstimos diversas vezes à Sete Brasil desde outubro de 2014 para ajudá-la a sobreviver, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto. 

A Sete Brasil está entre as mais de uma dezena de empresas que foram paralisadas pela investigação de corrupção na Petrobras.

Outros clientes da Sembcorp Marine também estão cancelando encomendas. A Sembcorp Marine está em disputa por uma encomenda que sua subsidiária PPL Shipyard recebeu para construir uma plataforma autoelevatória de US$ 214,3 milhões em fevereiro de 2014. 

Uma unidade da Marco Polo Marine rescindiu o contrato depois de encontrar rachaduras nas três pernas da plataforma e está tentando receber um reembolso de cerca de US$ 21,4 milhões da PPL.

A construtora de plataformas abriu um processo contra a Marco Polo no Supremo Tribunal de Cingapura.

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