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Rumo aos 90 mil ou aos 110 mil pontos? As incertezas da bolsa

Os acontecimentos da quarta e da quinta-feira fazem com que a semana termine com o mercado acionário brasileiro coberto de incertezas

B3: índice Ibovespa caiu 1,34% na quinta-feira, 21, na terceira queda consecutiva (Germano Lüders/Exame)

B3: índice Ibovespa caiu 1,34% na quinta-feira, 21, na terceira queda consecutiva (Germano Lüders/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de março de 2019 às 06h17.

Última atualização em 22 de março de 2019 às 07h53.

Quando o índice Ibovespa superou a histórica marca dos 100 mil pontos, na segunda-feira, 18, os analistas mais céticos começaram a se questionar se estávamos rumo aos 110 mil ou aos 90 mil pontos. Os acontecimentos da quarta e da quinta-feira fazem com que a semana de fato termine com o mercado acionário brasileiro coberto de incertezas.

Na teoria, esta era para ser a semana de consagração da bolsa com uma sucessão de notícias que investidores esperavam há tempos. Uma leva delas veio na quarta-feira. Foi anunciada a manutenção nas taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos, que devem manter os países emergentes, e os investimentos em renda variável, no centro dos holofotes. No mesmo dia chegou ao Congresso a reforma da Previdência dos militares, o que na teoria deveria destravar a tramitação de todo o texto da reforma das aposentadorias no país.

Mas um projeto excessivamente tímido, com economia líquida de apenas 10 bilhões de reais em dez anos para os militares, sinalizou, na noite de quarta-feira, que o dia seguinte poderia ser de ressaca na bolsa. O cenário se confirmou com a prisão do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco, trazendo o risco político de volta à tona e nublando, mais uma vez, as negociações no Congresso para a aprovação das reformas. O índice Ibovespa caiu 1,34% ontem, na terceira queda seguida, para 96 mil pontos. O dólar, por sua vez, voltou a subir, para 3,80 reais.

O risco maior é uma inversão de humor dos investidores, que tendem a se concentram mais nos pretos e brancos que nas zonas cinzentas do dia-a-dia. Não havia grandes motivos para o exacerbado otimismo da bolsa até segunda-feira, com a economia global desacelerando e a economia brasileira ainda longe de sinais de uma retomada consistente. Afora a possível aprovação da Previdência, falta ao governo de Jair Bolsonaro apresentar outros projetos estruturantes para o país, capazes de destravar a economia no médio prazo. Faltava, também uma abordagem mais certeira na relação com o Congresso, com o trabalho de negociação praticamente terceirizado para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Tudo isso continua valendo, mas de repente passou a ter mais importância após o rompimento dos 100 mil pontos.

Uma nova leva de alta na bolsa e de valorização do real depende, em grande parte, da maior entrada de investimentos estrangeiros no Brasil. E a alta do dólar frente ao real nas últimas semanas mostra que ainda sobra cautela com relação ao país. O avanço nas investigações sobre a influência russa nas eleições de Donald Trump, e as dúvidas sobre os novos capítulos da guerra comercial com a China, também tendem a manter a aversão ao risco dos investidores internacionais. Mesmo que não volte para os 90 mil, o índice Ibovespa deve demorar a morder os 110 mil pontos.

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