B3: Previ ainda não divulgou seus números fechados de 2017, mas seus fundos devem ter rentabilidade acima da meta atuarial (Germano Lüders/Exame)
Reuters
Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 12h51.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2018 às 12h51.
Rio de Janeiro - A Previ, caixa de previdência dos empregados do Banco do Brasil, está planejando entrar em mais ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês), como parte do processo de desconcentração de sua carteira de renda variável, disse nesta sexta-feira o presidente da instituição, Gueitiro Genso.
Maior fundo de pensão do país em ativos, a Previ tem quase metade de seu capital em ações, uma carteira quase toda concentrada em apenas 12 ativos, incluindo a mineradora Vale, o próprio BB e a empresa de alimentos BRF.
Como o principal fundo administrado é de benefício definido e tem volumes crescentes de desembolsos previstos para os próximos anos, a Previ precisa ter ativos mais líquidos. Por isso, a instituição vai gradualmente deixar participações societárias mais volumosas, explicou Genso.
Alguns movimentos nesse sentido já aconteceram. A Previ acertou no ano passado deixar em 2020 o acordo de acionistas da Vale, o que vai abrir caminho para uma gradual saída da mineradora, da qual detém 17 por cento do capital. Enquanto isso, comprou ações no IPO da BR Distribuidora, em dezembro.
"Vamos fazer mais disso, comprar ações de empresas grandes, boas pagadoras de dividendos e com boa governança", disse Gensoem entrevista à Reuters. Ele citou interesse da Previ em setores como educação, saúde e meios de pagamentos.
O executivo disse ainda que a Previ mantém o plano de IPO da Neoenergia, operação cancelada no fim de 2017 porque os acionistas vendedores da não aceitaram baixar o preço pedido por investidores.
"A empresa ainda tem muito a ganhar em sinergias após a fusão com a Elektro e vamos ganhar com isso", disse Genso. "Voltaremos ao mercado no momento oportuno."
A Previ ainda não divulgou seus números fechados de 2017, mas seus fundos devem ter rentabilidade acima da meta atuarial, ajudados pelo recente rali da bolsa brasileira.
Genso prevê que, após vários anos, seu principal fundo deve zerar até março um déficit que chegou a ser de 16 bilhões de reais em 2015. "Espero poder dizer que não temos mais déficit", disse ele.
Com os superávits que prevê gerar a partir de então, a Previ planeja fazer um ajuste na meta atuarial que a permita ter mais flexibilidade para aplicar em títulos públicos. Genso afirmou, contudo, que essa mudança deve ser feita gradualmente.
A meta atuarial é o retorno mínimo anual que os fundos têm que ter ao longo do tempo para conseguir pagar os benefícios de seus participantes. No caso do maior fundo da Previ, é uma taxa de 5 por cento mais INPC, enquanto títulos públicos em geral, em razão de taxas de juros nas mínimas históricas, pagam taxas reais ao redor de 4 por cento ao ano.
"Vamos usar o superávit para elevar o patrimônio e poder comprar títulos públicos", disse.