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Petrobras volta à carteira do BTG Pactual com foco em possível aumento de dividendos

Em relatório divulgado, os analistas do banco apontaram que o Plano Estratégico de cinco anos apresenta uma relação de risco/retorno atraente

Karla Mamona
Karla Mamona

Editora de Finanças

Publicado em 4 de novembro de 2024 às 15h55.

A Petrobras (PETR4) voltou para a carteira recomendada do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME) para o mês de novembro. Em relatório divulgado, os analistas do banco apontaram que o Plano Estratégico de cinco anos apresenta uma relação de risco/retorno atraente.

Segundo eles, o capex de 2025-26 pode ser reduzido, o que abriria caminho para a distribuição de mais dividendos. Além disso, dividendos extraordinários podem ser anunciados ainda este mês. Para incluir a Petrobras, os analistas optaram por retirar Rede D’or da carteira recomendada.

Momento crítico no mercado brasileiro

Para o banco, o valuation dos ativos brasileiros tem refletido um nível elevado de risco. A percepção de risco no Brasil se intensificou em outubro, com investidores preocupados com as perspectivas das contas fiscais do país. A NTN-B 2035 encerrou o mês em 6,76%, uma alta de 40bps mês a mês e 139bps no acumulado do ano. O prêmio entre as taxas reais do Brasil e dos EUA continuou a subir, fechando outubro em 4,8%.

“Mas as expectativas são tão baixas que um pacote maior poderia ajudar a reduzir o grande prêmio implícito nas taxas de longo prazo do Brasil”, apontam os analistas. Nos EUA, boa parte do risco das eleições já está precificado. Na China, o recente pacote de estímulo monetário e fiscal pode ser seguido por novas medidas para acelerar a economia do país.

Pacote fiscal brasileiro pode ser necessário

Com a pressão sobre os ativos brasileiros, o governo brasileiro sinalizou que trabalha em um pacote de ajuste estrutural nos gastos. O objetivo é alinhar as despesas obrigatórias ao teto de gastos, evitando cortes rápidos nos gastos discricionários e prolongando a durabilidade da estrutura fiscal atual. Até o momento, a equipe econômica não divulgou formalmente as medidas, sendo que apenas a dissociação dos benefícios previdenciários do salário mínimo foi descartada. A expectativa é que o anúncio seja realizado ainda esta semana.

A equipe de analistas do banco estima que as medidas listadas somariam aproximadamente R$ 57 bilhões no primeiro ano. “Os instrumentos legislativos necessários para a aprovação variam de projetos de lei comuns a emendas constitucionais. Não esperamos entraves no Congresso, embora algumas medidas possam nem chegar a ser enviadas devido a vetos do Presidente Lula”, destacam os analistas.

Valuations menos atraentes

Para o BTG Pactual, as ações brasileiras apresentam múltiplos considerados relativamente atraentes, sendo negociadas a 9,1x o preço/lucro (P/L) de 12 meses, excluindo Petrobras e Vale, ou 7,9x incluindo-as. Esse nível está mais de um desvio padrão abaixo da média histórica.

O prêmio para manter ações, calculado pelo inverso do P/L descontado ( preço/lucro ajustado) pela taxa real de 10 anos, é de 4,2%, superior à média histórica de 3,1%.

Para o BTG, apesar do prêmio elevado, a performance fraca das ações brasileiras indicaria um prêmio ainda maior. No entanto, o rápido aumento das taxas de longo prazo impede uma expansão adicional. Segundo os analistas, a compressão das taxas de longo prazo no Brasil, combinada com menores taxas nos EUA e maior responsabilidade fiscal, seria crucial para a recuperação das ações brasileiras.

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