Com cisão do Itaú na XP, Itaúsa deve se tornar um acionista relevante da nova empresa NewCo, com 37% de participação (Germano Lüders/Exame)
Paula Barra
Publicado em 5 de novembro de 2020 às 15h13.
Última atualização em 5 de novembro de 2020 às 15h36.
O Itaú Unibanco (ITUB4) está avaliando cindir a participação que detém na XP Investimentos (41,05% dos 46,05%) em uma nova empresa, chamada NewCo, cujas ações seriam negociadas em bolsa e distribuídas aos acionistas. O restante da posição (5%) deve ser vendido no mercado. O anúncio, que destrava um valor significativo para o banco, foi bem recebido pelos investidores, com as ações do Itaú subindo 3,99% ontem, depois de terem atingido na máxima do dia alta de 7,07%. Hoje, os papéis avançavam mais 2,88%, conforme cotação das 15h20. Mas não é somente a instituição que tende a ganhar, também sua holding Itaúsa (ITSA4).
Os papéis ITSA4, que valorizaram 2,29% na véspera, registram ganhos de mais 4,26% hoje.
Isso porque, com o movimento, a Itaúsa deve se tornar um acionista relevante da nova empresa NewCo, com cerca de 37% de sua participação, considerando os investimentos diretos e indiretos.
Pelos cálculos da equipe de análise do UBS, que inclui Thiago Batista, Olavo Arthuzo e Philip Finch, considerando o valor de mercado atual da XP Inc, essa participação deve valer cerca de 19 bilhões de reais, o que representaria aproximadamente 19% do valor de mercado de todos os ativos da Itaúsa — ainda assim, a participação no Itaú, já excluindo a fatia na XP, continuaria sendo a mais relevante, representando cerca de 69% dos ativos totais da holding.
Para eles, a transação é positiva para Itaúsa. Na conta, está um valor relevante a ser destravado para a companhia, que poderia passar a negociar com um desconto menor em bolsa.
Assumindo que a cisão destrave 7,5 bilhões de reais para o Itaú e a NewCo negocie com um desconto de 15% (como uma holding de um único ativo eles acreditam que o desconto não será superior ao de outras holdings listadas na bolsa brasileira), eles acreditam que a Itaúsa poderia ser negociada com um desconto similar, frente aos atuais 23,1%. Para eles, esse desconto da NewCo pode ainda ser menor, dependendo da estrutura corporativa que a companhia vai adotar (se será listada no Novo Mercado da B3, por exemplo).
Em comunicado enviado ao mercado ontem, a Itaúsa disse que não há intenção de vender fatia relevante na NewCo no curto prazo, mas também mencionou que a companhia “não considera esse investimento como estratégico no longo prazo”. Portanto, eles acreditam ainda que a holding poderá vender essa participação no futuro.
No relatório, os analistas reiteraram recomendação de compra para as ações de Itaúsa, com preço-alvo em 13,00 reais, o que implica um potencial de valorização de 38% frente ao fechamento de ontem.
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