Lira: crise intensifica preocupações sobre a economia, particularmente sobre a dependência da Turquia das importações de energia e sobre possibilidade dos níveis de dívida representarem um risco para setor bancário (Chris Ratcliffe/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 17 de agosto de 2018 às 11h24.
Última atualização em 17 de agosto de 2018 às 11h35.
Istanbul - A lira turca enfraquecia 5 por cento frente ao dólar nesta sexta-feira, depois que um tribunal da Turquia rejeitou o recurso de libertação do pastor cristão norte-americano, um dia depois de os Estados Unidos alertarem para novas sanções a menos que Ancara abrisse mão do detido.
Às 11:08 (horário de Brasília), a lira tura operava ao redor de 6,15 por dólar, com recuo de cerca de 5 por cento. Mais cedo na sessão, a moeda chegou a recuar 7 por cento.
A lira perdia quase 40 por cento de seu valor em relação ao dólar neste ano, atingida pelo agravamento da crise entre Ancara e Washington e pela preocupação dos investidores sobre a influência do presidente turco, Tayyip Erdogan, sobre a política monetária. Erdogan, um autodenominado "inimigo das taxas de juros", quer reduzir os juros apesar da alta inflação.
A crise da lira intensificou as preocupações sobre a economia em geral, particularmente sobre a dependência da Turquia das importações de energia e sobre a possibilidade dos níveis de dívida em moeda estrangeira representarem um risco para o setor bancário.
"Não há sinais de que o banco central possa elevar significativamente os juros e devolver a taxa a um território positivo", disse William Jackson, da Capital Economics, em nota a clientes. "Da mesma forma, não houve melhora nas relações com os EUA e sanções adicionais podem estar a caminho."
Um tribunal na província de Izmir, no oeste do país, rejeitou um recurso para libertar o pastor Andrew Brunson de prisão domiciliar, dizendo que as provas ainda estavam sendo coletadas e que havia potencial risco de fuga, segundo cópia da decisão da corte vista pela Reuters.
Brunson, da Carolina do Norte, está em prisão domiciliar enquanto seu julgamento sobre acusações de terrorismo continua. Ele negou as acusações, e seu caso foi retomado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que conta os cristãos evangélicos entre seus principais apoiadores.
O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse a Trump em reunião do gabinete no dia anterior que sanções estavam prontas para serem implementadas se Brunson não fosse libertado.