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InterCement: operações na Europa e África devem ser avaliadas em US$1,8 bi

Bancos provavelmente serão contratados para administrar o IPO da unidade InterCement nos próximos meses

A Camargo Corrêa SA, acionista controladora da InterCement, tem vendido ativos desde que sua unidade de engenharia admitiu ter subornado políticos dentro do âmbito da Lava Jato (Paulo Whitaker/Reuters)

A Camargo Corrêa SA, acionista controladora da InterCement, tem vendido ativos desde que sua unidade de engenharia admitiu ter subornado políticos dentro do âmbito da Lava Jato (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 31 de julho de 2018 às 10h25.

Última atualização em 31 de julho de 2018 às 10h29.

São Paulo - A brasileira InterCement Participações SA, uma das maiores produtoras de cimento da América Latina, planeja uma oferta pública inicial de suas operações na Europa e na África no início do próximo ano, disseram duas fontes com conhecimento do assunto nesta semana.

A Camargo Corrêa SA, acionista controladora da InterCement, espera que suas operações em Portugal e países africanos sejam avaliadas em 1,5 bilhão de euros (1,76 bilhão de dólares), disseram as pessoas, pedindo anonimato porque as decisões ainda são privadas.

A Camargo Corrêa tem vendido ativos nos últimos três anos desde que sua unidade de engenharia se tornou o primeiro conglomerado brasileiro a admitir ter subornado políticos dentro do âmbito da operação Lava Jato e ter fechado um acordo de leniência.

Bancos provavelmente serão contratados para administrar o IPO da unidade InterCement nos próximos meses, disseram as fontes, acrescentando que quatro bolsas europeias estão sendo consideradas para a listagem: Londres, Frankfurt, Amsterdã e Lisboa.

Inicialmente, Camargo esperava listar a unidade neste ano, mas a volatilidade relacionada às eleições presidenciais brasileiras adiou a data prevista para 2019.

A InterCement agora está trabalhando em uma nova estrutura corporativa para suas operações em Portugal e países como Egito, África do Sul e Moçambique. A InterCement pretende vender até 49 por cento da unidade, que agrupará as atividades nesses países, acrescentaram as fontes.

No ano passado, a InterCement retirou a subsidiária portuguesa Cimpor Cimentos de Portugal SA, adquirida há seis anos, da Bolsa de Valores de Lisboa, uma vez que a ação havia perdido liquidez desde a aquisição.

A Camargo Corrêa quer que os recursos da listagem na Europa sejam usados ​​para reduzir a dívida e investir na modernização de suas usinas brasileiras, que vêm sofrendo com o encolhimento do mercado local de cimento.

As vendas da indústria de cimento no Brasil caíram 6,5 por cento no ano passado e ainda não se recuperaram neste ano. As vendas acumulam queda de 25 por cento desde 2015, de acordo com dados do setor. Muitas das 20 fabricantes de cimento do país estão operando com metade de sua capacidade, disseram as fontes.

Em comunicado à Reuters, a InterCement confirmou os planos do IPO. "A InterCement está considerando um IPO de seus ativos em Portugal e na África, prosseguindo com o processo de desalavancagem que foi anunciado publicamente", disse a empresa.

Desde o acordo de leniência com os promotores em 2015, a Camargo Corrêa vendeu sua participação majoritária na empresa holding de energia CPFL Energia SA para a China State Grid Corp por 5,9 bilhões de reais (1,6 bilhão de dólares) no ano passado, e a fabricante de calçados Alpargatas SA para a Itaúsa Investimentos SA por 2,7 bilhões de reais (724 milhões de dólares) em 2015.

InterCement já levantou 954 milhões de dólares com a listagem bem-sucedida de sua unidade argentina Loma Negra Cia Industrial Argentina em novembro, em uma listagem dupla em Buenos Aires e Nova York.

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