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Ibovespa salta 2% e fecha acima dos 115 mil pontos; Eletrobras e Petrobras disparam

Maior queda do índice em dez meses trouxe procura por oportunidades; Banco do Brasil tem alta de quase 7%

Bolsa (Germano Lüders/Exame)

Bolsa (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 09h44.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2021 às 18h28.

O Ibovespa encerra o dia com mais de 2% de alta no pregão desta terça-feira, 23, com investidores em busca de oportunidades no mercado brasileiro, após as fortes perdas registradas na última sessão, quando o índice teve seu pior desempenho desde abril do ano passado. 

Troca de comando na Petrobras e sinais de mais interferências do governo em estatais provocaram a queda de 4,87% do índice na véspera. Nesta terça-feira, porém, o Ibovespa se recuperou e fechou em alta de 2,27%, aos 115.227 pontos -- marca próxima à máxima do dia, quando o índice atingiu aos 115.380 pontos.

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Principal responsável pela queda do Ibovespa no último pregão, as ações da Petrobras (PETR3/PETR4) dispararam, recuperando parte do tombo de 21% registrado ontem. Em forte alta desde o início da sessão, os papéis da estatal registraram alta de 8,96% e 12,17% respectivamente. 

Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3), que caíram mais de 11% na véspera, também contribuíram para a alta do Ibovespa, subindo 6,68% nesta terça-feira.

"O Banco do Brasil informou não ter recebido qualquer indicação de mudança na composição de seu corpo diretivo, esse fator trouxe alívio para os acionistas e por isso as ações hoje se recuperam. Os bancos privados também mostram boa recuperação, com investidores atraídos por preços em realização recente", afirma Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

Outra estatal com desempenho fora da curva nesta terça é a Eletrobras (ELET3/ELET6), cujas ações dispararam 13,01% e 10,87% e estiveram, junto com a Petrobras, entre as maiores altas do dia. 

O gatilho para alta é uma notícia da Reuters, que afirma que o governo irá publicar ainda hoje a medida provisória "associada aos planos de privatização" da elétrica. Ainda de acordo com a reportagem, a medida seria uma forma de o presidente Jair Bolsonaro "dar um sinal" ao mercado sobre seu compromisso de privatizar a estatal.

Mais tarde, assessoria da Presidência do Senado confirmou que a MP que trata da privatização da Eletrobras será entregue nesta terça-feira, às 19h30, em ato simbólico ao Congresso Nacional.

Por outro lado, as ações das Lojas Americanas (LAME4), que disparam 20% na última sessão com o anúncio sobre combinação de negócios com a B2W (BTOW3), passou por realização de lucros, caindo 5,94%, na lanterna do Ibovespa. Os papéis da B2W também recuaram, e fecharam o dia em queda de 4,20%.

"Após serem uma das únicas altas do dia sangrento que a bolsa de valores brasileira teve ontem, a movimentação que os papéis apresentam é também uma correção do mercado, com os investidores, possivelmente, realizando lucros", afirmam em nota os analistas da Ativa Investimentos.

Além das ações que mais caíram ou subiram na última sessão, o mercado também está atento às da CSN (CSNA3) e Movida (MOVI3), que apresentaram balanço do quarto trimestre entre o fechamento do último pregão e a abertura deste. Os papéis da CSN caíram 0,45% enquanto os da Movida tiveram leve variação positiva de 0,05%.

No período, a siderúrgica registrou lucro líquido de 3,897 bilhões de reais, 243,6% maior que o registrado no quarto trimestre de 2019. Já a locadora de veículos aumentou seu lucro líquido ajustado em 64,9% para 138,7 milhões de reais.

Em mais um sinal de recuperação dos ativos brasileiro, as curvas de juros, que ajudam a revelar a percepção do mercado com a sustentabilidade fiscal do país, apresentam leves quedas. 

Já o dólar, que chegou a superar os 5,50 reais na véspera, virou e caiu ante o real nesta terça-feira, influenciado tanto pela melhora de sinal nos ativos externos quando por indicações de debates sobre reformas no Brasil. A divisa americana encerrou o dia em queda de 0,21%, a 5,442 reais, depois de subir 0,55% na máxima do dia.

Cautela no exterior

A alta da bolsa brasileira ocorre na contramão do mercado internacional, que segue cauteloso com a alta dos rendimentos dos títulos americanos e avesso ao setor de tecnologia. Na última sessão, o índice Nasdaq caiu mais de 2,5%, registrando seu pior desempenho em quatro meses.

Nesta terça-feira, os principais índices americanos também passaram boa parte do dia em terreno negativo. O Nasdaq fechou o dia em queda de 0,5%, aos 13.465 pontos. Já o Dow Jones teve leve variação positiva de 0,05%, aos 31.537 pontos, enquanto o S&P500 subiu 0,13%, para 3.881 pontos.  

O pessimismo foi parcialmente amenizado durante a tarde após fala de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano).

Powell disse, em declarações preparadas para uma audiência do Comitê Bancário do Senado dos EUA, que a recuperação da economia dos EUA permanece "desigual e longe de completa" e que levará "algum tempo" antes que o Fed considere mudar as políticas destinadas a ajudar a recuperar o pleno emprego.

Os juros do Fed permanecerão baixos e a compra de títulos continuará "pelo menos no ritmo atual até que façamos um progresso substancial em direção aos nossos objetivos, o que não temos realmente feito", disse Powell. Após as declarações iniciais do presidente do Fed, os yields dos Treasuries perderam força.

 

 

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